Escritor: Desconhecido
Lugares da Escrita: Susã, Elão
Escrita Completada: c. 465 a.C.
Tempo Abrangido: 483-c. 475 a.C.
Hadassah bat Avihail, mais conhecida sob o nome de Ester (em hebraico : אסתר) é um personagem do Tanakh e do Antigo Testamento. Segundo a tradição religiosa, foi esposa do rei persa Assuero (geralmente identificado como Xerxes ou Artaxerxès), e sua história é contada no Livro de Ester. Entre os judeus, Ester é celebrada na festa de Purim.
Segundo o Livro de Ester1 , essa mulher originária da Judeia, chamava-se Hadassah, que significa mirta, em hebraico. Quando ela entra para o harém real, recebe o nome de Ester, que possivelmente era a designação dada à mirta, pelos medos. A palavra é bastante próxima da raiz do termo que designa tanto "mirta" como "estrela", a forma da flor).
O Targum de Ester liga seu nome à palavra persa para "estrela", ستاره setareh (em grego, αστέρας, transl. astéras), explicando que ela era chamada assim por ser tão bela como "a estrela da manhã". No Talmud (Tratado Yoma 29a), Ester é comparada à "estrela da manhã" e é também considerada como tema do Salmo 22, cuja introdução é uma "canção para a estrela da manhã". Alguns estudiosos do Livro de Ester acreditam que o nome de Ester derive da deusa Ishtar sendo "Ashtoreth" o nome hebraico da deusa Ishtar.
O Midrash interpreta o nome Ester em hebraico como tendo o sentido de "escondido". Ester escondia sua origem judia, conformeMardoqueu lhe havia aconselhado.
Ester era filha de Avihail (ou Abigail) da tribo de Benjamim, uma das duas tribos que constituíam o Reino de Judá antes de sua destruição pelos babilônios e das deportações da elite do reino para as províncias do Império Persa.
No início da narrativa, Ester morava com seu primo Mardoqueu, que ocupava uma função administrativa no palácio do rei persa, emChouchan. Ao saber que o rei Assuero procurava uma nova esposa, Mardoqueu faz Ester participar da seleção. Ester é a escolhida, tornando-se esposa de Assuero. Quando o ministro Hamã decide exterminar os judeus do reino, Ester está em uma condição privilegiada para pedir ao rei que anule o decreto de seu ministro.
Nem Esdras, nem Neemias nem o Sirácida mencionam esta história5 , em Qumran (Manuscritos do Mar Morto) não foram encontrados fragmentos deste livro, enquanto que foram encontrados manuscritos de todos os demais livros da Septuaginta, inclusive de todos os deuterocanônicos5 9 .
A favor de sua canonicidade, verifica-se que II Macabeus 15,36 se refere ao Dia de Mardoqueu5 e existem os argumentos de que Ester dá testemunho da invisível Providência em favor do Seu povo, assim como da situação particular vivida no contexto do livro (os judeus encontravam-se sob uma ameaça de extermínio e, de acordo com o relato, muitos inimigos estavam preparados para os matar e saquear).
Uma versão mais extensa deste livro foi descoberta e adotada pelos judeus gregos, que a incluíram em sua Septuaginta. Passagens como uma profecia de Mordecai e orações, tanto de Mordecai como de Ester pelo livramento do povo amenizaram a polêmica em cima do livro. Esta versão também é usada atualmente na Igreja Católica. Entretanto, com a Reforma Protestante, as denominações cristãs que surgiram dessa divisão escolheram a versão primitiva para integrar as suas Bíblias.
O autor do Livro de Ester é desconhecido. Pelas pistas deixadas no livro, podemos deduzir que se trata de um judeu persa, possivelmente residente na cidade de Susa. Também se lê neste livro o seu nacionalismo intenso e preocupação com a festa do Purim, acredita-se que seja Mordecai.
Mordecai, testemunha ocular e um dos principais personagens do relato, foi, mui provavelmente, o escritor do livro; o relato íntimo e pormenorizado indica que o escritor deve ter vivenciado esses eventos no palácio de Susa. Embora não seja mencionado em nenhum outro livro da Bíblia, não há dúvida de que Mordecai foi personagem real da história.
Os estudiosos situam a composição deste livro algures entre os séculos IV e I a.C.. A maioria dos teólogos prefere uma data no final do século V ou no século IV devido a determinadas características da linguagem utilizada e à atitude favorável em relação ao rei persa, as adições em grego (consideradas deuterocanônicas) surgiram em meados do séc. II AC7 .
Por outro lado, a Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que a versão em hebraico foi escrita no final do Séc. II AC, por um autor que vivia na Mesopotâmia, e que haveria adições já no texto em hebraico (Est 9:20-Est 10:3)5 .
Depois da derrota do império babilônico e sua conquista pelos persas em 539 a.C., a sede do governo dos exilados passou à Pérsia. A capital Susã, é o palco da história de Ester, durante o reinado de do rei Assuero “eu nome hebraico, também chamado Xerxes I ” (seu nome grego) ou Khshyarshan (seu nome persa), que reinou entre 486-465 a.C.. O livro de Ester abarca os anos 483-473 do reinado de Assueiro.
De maneira simples, eis aqui a história de Assuero, rei da Pérsia, tido por alguns como Xerxes I, cuja esposa desobediente, Vasti, é substituída pela judia Ester, prima de Mordecai. O agagita Hamã trama a morte de Mordecai e de todos os judeus, mas é enforcado em sua própria estaca, ao passo que Mordecai é promovido ao cargo de primeiro-ministro e os judeus são libertados.
Naturalmente, há os que dizem que o livro de Ester não é nem inspirado nem proveitoso, mas simplesmente uma bela lenda. Baseiam sua afirmação na ausência do nome de Deus. Embora seja verdade que Deus não é mencionado diretamente, parece haver no texto hebraico quatro casos distintos de acrósticos do Tetragrama, as letras iniciais de quatro palavras sucessivas que formam YHWH. Estas iniciais são destacadas de modo especial em pelo menos três manuscritos hebraicos antigos, e são também marcadas na Massorá com letras vermelhas.
No decorrer do registro todo há forte evidência de que Mordecai tanto aceitava a lei de Deus como obedecia a ela. Negou-se a curvar-se para honrar um homem que provavelmente era amalequita; Deus determinara o extermínio dos amalequitas. (Est. 3:1, 5; Deut. 25:19; 1 Sam. 15:3) A expressão de Mordecai em Ester 4:14 indica que aguardava uma libertação da parte de Deus e que tinha fé na direção divina do inteiro curso dos eventos. O jejum de Ester, junto com a ação similar dos demais judeus, durante três dias antes de esta entrar perante o rei, indica confiança em Deus. (Est. 4:16) Que Deus manobrou os eventos é indicado por Ester achar favor aos olhos de Hegai, o guardião das mulheres, e pela insônia do rei na noite em que pediu para ver os registros oficiais e descobriu que Mordecai não fora honrado pelo seu bom feito no passado. (Est. 2:8, 9; 6:1-3; compare com Provérbios 21:1.) Há, sem dúvida, referência a orações nas palavras “os assuntos dos jejuns e de seu clamor por socorro”. — Est. 9:31.
Deposta a Rainha Vasti (1:1-22). É o terceiro ano do reinado de Assuero. Ele realiza um lauto banquete para os oficiais do seu império, mostrando-lhes as riquezas e a glória do seu reino durante 180 dias. A seguir, há um grandioso banquete de sete dias para todo o povo de Susã. Ao mesmo tempo, Vasti, a rainha, dá um banquete para as mulheres. O rei se jacta de suas riquezas e glória e, estando alegre com vinho, manda chamar Vasti para vir mostrar sua beleza ao povo e aos príncipes. A Rainha Vasti persiste em se recusar a ir. Seguindo o conselho dos oficiais da corte, que argumentam que este mau exemplo poderá fazer com que o rei perca prestígio em todo o império, Assuero remove Vasti da posição de rainha e emite documentos convocando todas as esposas a ‘dar honra a seu dono’ e todos os maridos a ‘agir continuamente como príncipes na sua própria casa’. — 1:20, 22.
Ester torna-se rainha (2:1-23). Mais tarde, o rei nomeia comissários para procurar as mais belas virgens em todas as 127 províncias do império e trazê-las a Susã, onde deverão receber um tratamento de beleza para serem apresentadas ao rei. Entre as jovens selecionadas acha-se Ester. Ester é órfã judia, “bonita de figura e bela de aparência”, que foi criada por seu primo, Mordecai, um oficial em Susã. (2:7) O nome judaico de Ester, Hadassa, significa “Murta”. Hegai, o guardião das mulheres, se agrada de Ester e lhe dá tratamento especial. Ninguém sabe que ela é judia, pois Mordecai instruiu-a a guardar sigilo sobre isso. As jovens são levadas à presença do rei, uma de cada vez. Ele seleciona Ester como sua nova rainha, e realiza-se um banquete para celebrar sua coroação. Pouco depois, Mordecai fica sabendo de uma conspiração para assassinar o rei, e manda Ester informá-lo disso “em nome de Mordecai”. (2:22) A trama é descoberta, e os conspiradores são enforcados, fazendo-se registro disso nos anais reais.
Embora nenhum outro escritor da Bíblia faça qualquer citação direta de Ester, o livro se harmoniza plenamente com o restante das Escrituras inspiradas. De fato, fornece ilustrações esplêndidas de princípios bíblicos declarados mais tarde nas Escrituras Gregas Cristãs e que se aplicam a adoradores de Deus de todas as épocas. Um estudo das seguintes passagens, não só comprovará isso, mas será edificante para a fé cristã: Ester 4:5—Filipenses 2:4; Ester 9:22—Gálatas 2:10. A acusação feita contra os judeus, de que não obedeciam às leis do rei, é similar à acusação levantada contra os primitivos cristãos. (Est. 3:8, 9; Atos 16:21; 25:7) Os verdadeiros servos de Deus enfrentam tais acusações com destemor e confiança, com orações, no poder divino de os livrar, segundo o esplêndido modelo de Mordecai, Ester e seus co-judeus. — Est. 4:16; 5:1, 2; 7:3-6; 8:3-6; 9:1, 2.
Quais cristãos, não devemos achar que nossa situação difere da de Mordecai e Ester. Também vivemos sob “autoridades superiores” num mundo do qual não fazemos parte. Desejamos ser cidadãos acatadores da lei em qualquer país em que vivamos, mas, ao mesmo tempo, desejamos traçar corretamente a linha demarcatória entre ‘pagar de volta a César as coisas de César e a Deus as coisas de Deus’. (Rom. 13:1; Luc. 20:25) O primeiro-ministro Mordecai e a Rainha Ester deram bom exemplo de devoção e obediência na execução de seus deveres seculares. (Est. 2:21-23; 6:2, 3, 10; 8:1, 2; 10:2) Todavia, Mordecai traçou destemidamente a linha demarcatória quanto a obedecer à ordem real de curvar-se diante do desprezível agagita, Hamã. Ademais, cuidou de que se fizesse um apelo para a obtenção duma solução legal quando Hamã conspirou destruir os judeus. — 3:1-4; 5:9; 4:6-8.
Toda a evidência indica que o livro de Ester faz parte da Bíblia Sagrada, “inspirada por Deus e proveitosa”. Mesmo sem mencionar diretamente Deus ou seu nome, fornece-nos excelentes exemplos de fé. Mordecai e Ester não foram meros frutos da imaginação de algum novelista, mas foram servos reais de Deus, pessoas que depositaram confiança implícita no poder salvador de Deus. Embora vivessem sob “autoridades superiores” num país estrangeiro, empregaram todos os meios legais para defender os interesses do povo de Deus e sua adoração. Nós podemos seguir hoje o exemplo deles em “defender e estabelecer legalmente as boas novas” do libertador Reino de Deus. — Fil. 1:7.
Nenhum comentário:
Postar um comentário