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sábado, 9 de junho de 2012

Jesus Cristológico parte 1


Por que estudar esse assunto?


Cerca de dois mil anos se passaram desde a vinda de Jesus a terra. E nesses anos todos, muito se falou sobre ele, suas pregações, suas propostas de um nova sociedade, onde tudo se baseasse no amor ao Pai e aos irmãos. No entanto, poucos conhecem com clareza como era a realidade em que Jesus viveu, como era sua terra, seu povo, etc. E cada vez se torna mais numeroso o grupo dos que precisam saber quem é Jesus.
Jesus não surgiu num passe de mágica e nem veio de outro planeta. Ele veio de Deus, mandado pelo Pai para trazer a salvação aos homens. Jesus se fez homem, habitou entre nós e assumiu plenamente sua condição de Homem-Deus.
Sua terra: Jesus nasceu, cresceu e viveu num país essencialmente agrícola, chamado Palestina.
Seu povo: Nasceu pobre, viveu no meio de gente simples e oprimida, trabalhadores iguais a Ele.
Sua Proposta: Propôs que todos os homens se amassem como irmãos, por serem todos filhos do mesmo Pai. alguns seguiram-no, outros discordaram e o crucificaram; é que para entender as palavras e atitudes de Jesus, captar sua proposta e o porque de sua vida, é preciso conhecer bem sua terra e seu povo.

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Parte 1 – O lado econômico

De que modo vivia o povo na Palestina?

O povo vivia da agricultura, pecuária, pesca, artesanato, e outras profissões.
Agricultura: desenvolveu-se sobretudo na Galiléia, onde a terra era fértil. Produziam trigo, cevada, legumes, frutas, vinho e oliveira (Mc 2,23 e Mt 13, 24-26). Na colheita utilizavam muitos operários e recorriam ao uso de tanques para espremer as uvas ou celeiros para armazenar alimentos (Mt 9, 37). Usavam como instrumento de trabalho o martelo, a foice, o arado (Mc 4, 26-29 e Lc 9, 62).
Pecuária: sobressaiu-se na Judéia, onde a terra era menos fértil. Havia o gado de grande porte (bois e camelos) e os de pequeno porte (ovelhas e cabras)(Mt 9, 36).
Pesca: desenvolvida no Lago do Tiberíades. O peixe era a alimentação popular. Usava-se barcas e redes e havia associações de barcas na pesca comum (Lc 5, 1-7).
Artesanato: havia grandes quantidades nas aldeias e nas cidades. A maioria dos artesãos trabalhava por conta própria. Destacavam-se pratos, copos, jarros, óleos, tecidos, perfumes, etc. Os artigos de luxos eram consumidos nos grandes centros comerciais como a Galiléia (Jo 12, 3).

Como circulavam os produtos

O comércio, para circular seus produtos, enfrentava sérias dificuldades devido as regiões montanhosas, estradas difíceis e inseguras. Mas apesar disso conseguiu desenvolver tanto nas aldeias quanto nas cidades. Nas aldeias o comércio baseava-se na troca de um produto por outro, enquanto nas cidades era mais desenvolvidos. Havia feiras, vendas, pequenas lojas, comércio internacional e vários sistemas de moedas, como por exemplo, o denário romano (Mc 12, 13-17), ciclo judeu (Para pagar o dízimo, Mt 17, 27) dracma grega ou mina fenícia (para o comércio com os estrangeiros, Lc 19, 13).
Transportes
Os transportes eram de três tipos: os veleiros (usados no mar), os camelos (usados no deserto) e as burrinhas (usadas na serra).

Como viviam os que estavam na produção?

Na Palestina, a maior parte da população vivia no campo e era constituída de trabalhadores pobres que recebiam um denário como salário de um dia. Na cidade moravam os ricos que se beneficiavam com os lucros que essa gente sofrida do campo lhes proporcionava. Nessa época, muitos trabalhadores deixavam o campo e iam para a cidade na ilusão de encontrar emprego. Com isso, aumentava o número dos desempregados, marginalizados e mendigos. (Mt 20, 1-16)

Impostos

Se fizermos um paralelo entre a Palestina do tempo de Jesus e a atual situação brasileira, descobriremos que não há muita diferença entre as duas realidades. Como acontece ainda hoje, enquanto os camponeses viviam explorados sob pena de pesados impostos, ricas propriedades de terra eram construídas, sobretudo na Galiléia.
Haviam impostos de vários modos: os romanos cobravam ¼ das colheitas que logo eram vendidas e trocadas por moedas; cobravam a corveia para alimentar as tropas; o pedágio sobre o transporte de mercadorias e taxas alfandegárias. Grandes somas partiam de Jerusalém para Roma. Esses impostos eram arrecadados pelos publicanos que pelo fato de serem corruptos eram desprezados pelo povo. Um deles era Mateus (Mt 9, 1-13).
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Organização do Templo

O Templo era o centro do poder econômico. Todos os impostos eram centralizados ali. Graças as peregrinações, os visitantes, os quais eram cerca de 60 000 durante a Páscoa) alimentavam um artesanato de lembranças, objetos de luxo, conjunto de hospedarias, grande comércio de animais para sacrifícios. Além de principal fonte de renda o centro funcionava também como fonte de empregos. As obras para reformá-lo e ampliá-lo reuniram grande número de operários. Entre eles sacerdotes, vendedores e cambistas que somavam ao todo cerca de 18 000 pessoas vivendo da organização do templo. (Jo 2, 20)
Tanto Jerusalém (cidade situada numa região árida, sem vias de comunicação, falta d’água e matéria prima) quanto a Palestina dependiam totalmente dessa organização. O tesouro do Templo era o mesmo do Estado e a administração se fazia se fazia por três grandes sacerdotes chamados chefes de finanças. Por isso quando Jesus falava de destruir o Templo e construir em três dias, na verdade o seu objetivo era questionar a estrutura econômica cuja base era o Templo. (Mc 14, 58)
Em seus ensinamentos, Jesus mostra que conhece bem a realidade do povo. Ele que morava no campo, numa aldeia chamada Nazaré, era filho de carpinteiro, vivia do pagamento que recebia dos serviços prestados, pagava impostos aos sacerdotes (Mt 17, 27) e aos romanos (Mc 12, 13-17) não poderia, portanto, distanciar-se dos fatos. Razão pela qual ele constantemente faz referências à vida econômica, ao trabalho dos camponeses, pescadores, donas de casa, desempregados e aponta a relação entre os ricos proprietários e aqueles contratados por eles.

Parte 2 – O lado social

Jesus encontrava sérios obstáculos no seu relacionamento com a sociedade. Há um grande contraste entre os valores da época, os quais em sua maioria criam uma mentalidade preconceituosa e opressora a mensagem libertadora de Jesus.
Na Palestina, a família era patriarcal, ou seja, o pai era a autoridade máxima e dele partiam todas as decisões. A mulher não tinha o direito de participar da vida social. Ocupava posição inferior ao homem e por isso devia obedecer-lhe e ser dirigida por ele. Tantos seus direitos sociais quanto religiosos eram limitados: não deveria aparecer em público com o rosto descoberto, se trabalhava fora, nunca ia sozinha, seu testemunho num tribunal não era aceito; até doze anos e meio o pai poderia vendê-la como escrava, quando casada, tornava-se posse do marido e devia lavar-lhe os pés, as mãos e o rosto, não podia pedir divórcio, pois isso era direito do marido que poderia ter quantas mulheres quisesse; quando ia ao templo, seu lugar era reservado, distante dos homens; não podia estudar, ser discípula, nem ler no culto.
Quando a mulher era estéril, a sociedade a discriminava, pois valorizava-se muito o nascimento de um menino por causa do patrimônio e nome da família. O primogênito tinha parte dupla na herança e na morte do Pai exercia a chefia da família.
Enquanto tivesse idade inferior a 12 anos, era considerado incapaz em matéria de religião, devendo, portanto, freqüentar uma escola especializada no assunto. Jesus também viveu numa família que conservava esses valores. Ele foi a escola da Sinagoga, onde aprendeu a ler, escrever também as Escrituras. Todos os sábados ele ia com os pais a sinagoga para rezar.

Com quem Jesus se relacionava?

No convívio social, bem como nas suas pregações, Jesus demonstra uma preocupação especial pelos pobres. Note que pobres, no tempo de Jesus, designava os humildes, os oprimidos, os marginalizados pela sociedade. E Jesus, através de sua mensagem, procura estabelecer um novo comportamento. E começa questionando os conceitos criados pela sociedade em torno da mulher.

Jesus e a mulher:

No trato com as mulheres, Jesus dá a elas a oportunidade de quebrarem os tabus que as oprimem, dando-lhes condições de respeito e igualdade perante o homem. O primeiro escândalo é quando Jesus fala a sós com a samaritana (Jo 4, 27). A seguir faz as mulheres suas discípulas (Lc 8, 1-3). São as únicas presenças no Calvário (Mc 15, 40-41). Faz das mulheres as primeiras testemunhas da Ressurreição (Lc 24, 1-11; Mt 28, 9-10). Dá a elas o direito de testemunhar sua fé (Jo 11. 25-27), serem respeitadas (Mt 5, 28) e tratadas com igualdade em relação ao homem (Mt 19, 4-5)
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Jesus e o casamento

No que diz respeito ao casamento, Jesus fala pouco, limitando-se a responder as perguntas que lhe são feitas. Colocando-se claramente contra o divórcio (Mt 19, 1-9) e a favor da monogamia (Mc 10, 11). Para Jesus o casamento deve ser sinal do Reino já presente, e portanto, deve ser vivido no amor e na igualdade.
Quando uma mulher era abandonada voltava para a casa do pai ou caia na prostituição. E Jesus, indo muito mais além, questiona as leis que provocavam tais conseqüências (Mc 5, 31-53) e fala de uma sociedade livre (Lc 20, 35)

Jesus e as crianças

Há também no ministério de Jesus, uma manifestação de afeto para com as crianças (Mc 10, 14). Ele reconhece que as crianças têm o lugar na sociedade (Lc 9, 47) e sua espontaneidade e simplicidade fazem delas um modelo para quem deseja conquistar o Reino de Deus (Mc 10, 13-16)
Jesus e as crianças

Jesus e o povo

O povo era constituído dos que viviam do salário do dia-a-dia, dos desempregados e sub-empregados, dos que exerciam profissões vistas como impuras ou grosseiras e dos excluídos da sociedade. E foi do meio desse povo que Jesus escolheu seus discípulos. Quatro deles eram pescadores e já se conheciam, provavelmente das associações de pesca (Mc 1, 16-20). Um era cobrador (Mc 2, 13-14). Alguns possivelmente eram desempregados; um ou dois do grupo dos zelotes que recrutavam sua gente entre a população rural pobre. Todos eram da Galiléia (Mc 14, 70) e por serem de origem popular percebia-se neles certa demonstração de ignorância para com as leis, razão pela qual eram desprezados principalmente pelos fariseus. (Mc 2, 18; 2, 23; 7, 2)

Jesus e os excluídos

com certeza, as mulheres e as crianças não eram as únicas pessoas marginalizadas pela sociedade. Em situação semelhante, encontravam-se os surdos, os mudos (Mt 9, 32-33), os cegos (Mt 20, 29-34), os doentes mentais e contagiosos (Mc 1, 40-44), os pagãos e os escravos.
Por causa da falta de higiene, era grande a contaminação de doenças. Em conseqüência, os doentes eram afastados da vida social (Jo 5, 2-8) e acreditava-se que as doenças eram conseqüências dos pecados destas pessoas ou de seus pais (Jo 8, 1-3) e que desta forma o demônio de apoderava delas (Mt 8, 1-4; 9, 1-8). Mas Jesus os libertava de seus males e os fazia retornar ao convívio social (Mt 2, 29-34).
Encontrava-se também no grupo dos excluídos, as prostitutas e os estrangeiros. Considerava-se uma mancha para a família que tinha um de seus membros casado com um estrangeiro, escravo, mãe solteira, etc. (At 10, 28). Os samaritanos eram excluídos por serem descendentes de um raça mista, ao contrário dos judeus que eram de raça pura. Mas Jesus contestava apresentado-os como modelos de pensar, agir, amar e rezar. (Lc 10, 23)
Curiosidade: você sabia que no N.T., a palavra povo aparece mais de 300 vezes? Isso nos mostra o quanto Jesus se identificava com o povo.

Situação política da sociedade do tempo de Jesus

Divisão Territorial

A Palestina era dividida em duas partes:
  • Judéia e Samaria, ao Sul;
  • Galiléia, ao Norte.
Na Judéia e na Samaria, havia um procurador romano, ou seja, alguém que governava em nome do Imperador Romano. Morava em Cesaréia.
A Galiléia tinha um rei, que na época de Jesus, era Herodes. Morava em Tiberíades.
Herodes era amigo de César, o Imperador Romano, e para não perder o seu cargo, fazia tudo para agradá-lo.
Na Judéia e na Samaria, o Procurador deixava o Sinédrio – governo judeu – exercer o poder. Nomeava o Grande Sacerdote e só intervinha quando havia protestos populares.

Poder Judaico

Nas aldeias, os problemas eram resolvidos por um conselho de anciãos, formado por grandes fazendeiros e comerciantes ricos. Participavam também escribas e sacerdotes (Mc 14, 53-54; 15, 1).
Em Jerusalém, mandava um Conselho chamado Sinédrio , composto por 71 pessoas.
Faziam parte do Sinédrio
· Os Grandes Sacerdotes, que moravam em luxuosos palácios;
· Os Anciãos, chefes de grandes famílias, latifundiários ou comerciantes importantes;
· Escribas (intelectuais) membros da classe média.
O Sinédrio funcionava como tribunal criminal, político e religioso. A sua autoridade se estendia sobre toda a Palestina. Era o órgão central do poder teocrático. Tinha a função legislativa político-religiosa. Mandava leis e decretos para toda a Judéia sob o controle do procurador romano. Tinha também a função judicial e administrativa.
Julgava as causas extraordinárias (econômicas, criminais, políticas e religiosas) (Mc 14, 55; 15, 43).
Combateu o movimento de Jesus (Mc 11, 18; At 4, 5-6; 5, 17.21)

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