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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Jesus Cristológico parte 2


Partidos no tempo de Jesus

Na época de Jesus, os partidos eram ao mesmo tempo religiosos e políticos. 
A mesma lei organizava o culto ao Deus único e vida política do povo.


Acontece que os partidos defendiam, em nome de Deus, programas diferentes, 
de acordo com seus próprios interesses. E cada um dizia que o seu partido era o de Deus.

Os partidos de classe dominante eram dois:
· Os saduceus, especialmente na Judéia;
· Os herodianos, na Galileia.

Os partidos da oposição em três:
· Os fariseus;
· Os zelotes;
· Os essênios.
fariseu

Os Saduceus
O nome Saduceu vem de Sadoc, que foi sumo sacerdote no tempo do Rei Davi.

Os Saduceus eram os defensores da ordem estabelecida. Eram de nobreza leiga e 
a maior parte era sacerdotal: os chefes dos sacerdotes e os anciãos do Sinédrio. 
Eram muito ricos.


Origem: 20 ou 30 anos antes de Jesus nascer, começou um movimento de colonização
da Galiléia. Os ricos do sul diziam que na Galiléia havia pagãos e que era necessário
esclarecê-los na fé. Mas não eram bem assim. O interesse era outro: era a terra que eles cobiçavam.


Os ricos do sul foram chegando na Galiléia e se apropriando da terra do povo, que 
ficou cada vez mais pobre.


Ricos eram os saduceus, amigos dos sacerdotes e novos donos da terra. Pobres eram
os que trabalhavam naquela mesma terra, oprimidos pelos patrões.

Eram conservadores. Colaboravam com o império para não serem destituídos de seus cargos.

Rejeitavam os ensinamentos de Jesus, tais como a ressurreição dos mortos e a imortalidade
da alma. Só admitiam o Pentateuco como livros sagrados. Eram fanáticos pelo Sábado.


Esperavam o Messias numa aparição gloriosa. Não acreditavam nas promessas messiânicas. 
(Mc 12, 18)
escriba
Herodianos
Eram do partido do Rei Herodes e talvez, altos funcionários de sua casa. Eram
conservadores e favoráveis à presença dos romanos.
Quando Herodes Antipas construiu a capital, para bajular o imperador romano Tibério,
chamou a cidade de Tiberíades.
Eram opositores fortes dos zelotes e perseguiam "agitadores políticos" na Galiléia.
Foram os responsáveis pelo assassinato de João Batista.
Uniram-se aos fariseus e escribas para combater Jesus. (Mc 6, 16-20; 3, 6; 12, 13).

Fariseus
O termo fariseu quer dizer separado.
Os fariseus formavam o partido do povo, tendo grande influência junto a ele. Era composto
de trabalhadores rurais, artesãos e pequenos comerciantes. Gostavam do dinheiro embora
afirmassem que a parte espiritual era mais importante.
Nas sinagogas gostavam de ocupar os primeiros lugares e quando alguém não concordava com
a doutrina deles, o expulsavam.
Foram os fariseus e os Doutores da Lei (escribas) que começaram a organizar o povo depois
que voltaram do cativeiro da Babilônia. O templo tinha sido destruído e o grupo que voltava do
cativeiro estava muito empobrecido.
Quando chegaram a Palestina encontraram novas idéias e costumes trazidos pelos gregos e
romanos (exemplo: moços casavam com moças da moça de outra nação). Combateram esses
costumes como forma de unir o povo, em torno da observância mais rigorosa da Lei de Moisés.
Com o tempo viraram fanáticos. Insistiam muito em coisas exteriores, visíveis (exemplo: a
observância do Sábado, do jejum, da esmola, circuncisão, etc.). faziam tudo isso para mostrar
que eram judeus observantes da lei de Moisés e de outras prescrições impostas pela tradição.
Eram rígidos em suas posições. Oprimiam a quem não seguisse seu fanatismo.
Prendiam-se às exterioridades, mas deixavam dominar-se pela injustiça. Jesus os comparou
à sepulcros caiados.
Sustentaram a luta armada de Judas Macabeu. Eram nacionalistas, inimigos dos conquistadores
estrangeiros. Achavam que o Messias viria como guerreiro, para expulsar os romanos.
JESUS E OS FARISEUS
Zelotes
Em grego, zelotai = zelotas ou fanáticos. Este partido revolucionário teve início no século I,
sob a influência de Judas de Gamala, o Galileu. Representavam a ala mais radical dos fariseus.
Os dirigentes conservavam todo o entusiasmo dos movimentos de libertação anteriores, o
mesmo fanatismo pela lei escrita e a tradição oral mais rigorosa. Eram excluídos radicalmente
desse movimento os que colaborassem com o Império com o Império Romano. Eram os nacionalistas
mais radicais entre os judeus.
Aspiravam pela instauração do Reino de Deus, que para eles se resumia numa libertação da
dominação estrangeira. O Messias seria um Rei Ungido por Javé, que instauraria seu reino
definitivo. Acreditavam que suas instituições (monarquias, templo, sacerdócio e sinagoga)
eram válidas e permanentes. Era preciso apenas purificá-las.
Sonhavam com a reorganização da propriedade segundo a vontade de Deus, como redistribuição
dos latifúndios, libertação dos escravos e supressão de dívidas. Para eles, a vinda do reino
dependia da ação revolucionária. Não aceitavam a passividade. Se organizavam clandestinamente
em regiões montanhosas e se preparavam para a luta armada contra os romanos.
Não pagavam impostos a Roma. Eram contrários ao recenseamento. Mobilizaram o povo com
promessas de libertação. Conseguiram adesões de muitos rabinos, sacerdotes e da massa
popular. Recrutavam militares entre os jovens camponeses empobrecidos pelos romanos.
Praticavam os assassinatos, seqüestros de personagens importantes, roubavam os ricos.
Eram chamados: zelotes, ladrões ou bandidos (criminosos políticos), sicários (terroristas)
, galileus (por atuarem na Galiléia). Entre os discípulos de Jesus havia zelotes, Simão,
o zelota (Mc 3, 18).

Os Essênios
Sua origem é do século II antes de Cristo. Separaram-se dos fariseus na época dos Macabeus
. Em 1947, ficamos sabendo de sua existência, através da descobertas dos livros e dos pergaminhos
do Antigo Testamento, nas cavernas de Qumram. Os essênios conservaram vários escritos
extra-bíblicos. Assemelhavam-se a uma comunidade de monges com disciplina rígida. Tinham
os seus bens em comum, não usavam armas. Praticavam a pobreza, o celibato e a obediência a
um superior. Estudavam as Escrituras.
Eram fiéis à Lei de Moisés. Não freqüentavam o Templo. Fervorosos, separam-se dos "maus",
dos impuros e dos pagãos. Sua espiritualidade era apocalíptica. Esperavam a intervenção
dos "exércitos celestes" para a volta da teocracia (governo de acordo com a ordem religiosa).
Deixaram Jerusalém e foram morar em grutas. Eram camponeses e viviam do produto de seu trabalho.
Tinham pouca influência sobre o povo.
Foram destruídos pelos romanos no ano de 68 depois de Cristo. Talvez João Batista tenha pertencido
a esse grupo, pelas características de sua pregação. Eles também pregavam a conversão (Mc 1, 14-15).

Jesus e os partidos
Jesus não pertenceu a nenhum partido: nem da classe dominante, nem da oposição. A proposta de
Jesus é o Reino de Deus. O poder que ele deseja é o poder não para dominar, sim para servir.
A liderança não foi populista. Ele foi ao povo por que o amou, e sendo pobre, sentiu na carne
a mesma opressão do povo. A política de Jesus foi em favor dos oprimidos. Os cristãos não devem
"fazer média" quando se trata dos injustiçados. Devem tomar posição!

Situação Religiosa e Ideológica


caifas

Monoteísmo


O que caracteriza o pensamento de todo o povo da Palestina era a crença em um Deus único. Os
dominadores romanos tinham uma religião politeísta, isto é, que cultuava várias formas de
divindades. Adoravam os imperadores falecidos como deuses. Contudo, seu costume era não
interferir nas crenças religiosas dos povos dominados. Apenas combatiam a religião dos
dominados quando esta colocava em perigo o seu poder. Destruíram Jerusalém no ano 70 d.C.
por causa disso.
A Igreja Primitiva também foi perseguida pelos romanos. Isso, porque os cristãos se
opunham a adoração ao Imperador, questionando sua política de opressão.
Doutores da Lei
Ensinar e interpretar as escrituras, desde a volta do exílio, era o papel dos sacerdotes,
mas alguns leigos assumiram aos poucos essa missão. Eram osescribas ou doutores da lei.
O povo tinha veneração pelos escribas, por serem especialistas nas Escrituras. Mas também
tinham medo deles, pois passaram a exercer um controle ideológico. Eram eles que diziam
o que era certo ou errado, bom ou ruim, santo ou profano... Muitas vezes estavam ligados
à classe dominante.
Muitos fariseus eram escribas (Mc 2, 16; 7, 5; 9, 11; 12, 38). Os fariseus e os escribas
tornaram-se "donos" da consciência do povo, impondo suas idéias. Eles tinham uma visão
fechada sobre o homem.
Para observar o Sábado e a pureza ritual eles tinham mais de 600 leis com aplicação
minuciosa. Faziam o povo se sentir culpado e distante de Deus, por não conseguir
observar todas as minúcias da lei (Mt 23, 13).

Samaritanos
Eram considerados raça impura pelos demais judeus, por serem descendentes de
população misturada com estrangeiros. Os samaritanos se julgavam israelitas
autênticos, veneravam Moisés e esperavam o Messias.
Por serem marginalizados, tinham pouca influência sobre a maneira de pensar
do restante da Palestina.
Jesus diz que os samaritanos, longe de serem impuros, podiam ser modelos de
pensar, agir, amar e rezar. (Lc 10, 33).

Sacerdotes
O Sumo Sacerdote controlava o Templo e através dele, toda a vida econômica
do país. Naquele não havia banco e o Templo servia para isso.
Todos os judeus era obrigados a ir ao Templo uma a três vezes por ano.
Tinham que pagar impostos ao Templo e o dízimo aos sacerdotes. Era mais de
60% do valor dos produtos que ia parar nas mãos dos grandes. Grande parte
ia para os cofres do Templo. Com o dinheiro que se ia acumulando, os
sacerdotes compravam terras.
fariseus xxxx
Os romanos deixavam que os sacerdotes tomassem certas decisões econômicas,
contanto que eles dessem o dinheiro exigido por Roma. O culto era um
instrumento ideológico, muito baseado no puro e impuro. Puro era quem ia
ao Templo pagar seus tributos, os demais...

Parte 3 – Jesus e o Reino de Deus
Um povo que tinha esperança
A fé num Deus que caminhava no meio do seu povo, fez surgir nos judeus, já
cansados pela opressão do sistema político, a esperança de que viria um dia
em que o mal e a desgraça teriam um fim. E a esperança se fazia conforme a
cultura e posição social das pessoas.
Havia os que acreditavam que a salvação estaria num chefe militar que,
expulsando os romanos, estabeleceria a monarquia de Davi. Outros esperavam
um chefe religioso, como um sacerdote, por exemplo, para purificar o templo
(essênios). Alguns outros, ainda, esperavam a vinda dum profeta Moisés.
Porém, o grupo dos que estavam no poder não esperavam mais nada...
Como seria este dia
Quanto a essa questão, as opiniões também se apresentavam divididas. Uns
esperavam pelo dia da vingança; neste dia Deus faria uma intervenção direta,
sem intermediário. Assim pensavam os essênios, fariseus, batistas, etc. Alguns
fanáticos, porém, achavam que eles seriam os instrumentos dessa vingança, e
acreditavam numa vingança armada. Era o grupo dos zelotes.
Quem seria o libertador
O povo de Deus, depois de tantas vezes expulsos de sua terra e em meio a tantos
sofrimentos descobrem através dos profetas que a libertação não viria através
dos grandes e sim do próprio povo pobre e sofredor. O mesmo povo do qual a
Bíblia fala tantas vezes, ora referindo-se a comunidade dos pobres confiantes
em Deus (Sofonias 3, 12) ora a um profeta anônimo e representante do povo e
que dá sua vida pela libertação de todos (Is 52, 13 e 53,4) ou mesmo do próprio
Jesus Cristo, "o servo sofredor" (Mt 8, 17).
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Para o povo do Reino de Deus, significava Deus tirando o poder injusto dos grandes
e ajudando os oprimidos a vencerem os seus inimigos. Mas no tempo de Jesus as
idéias eram bem confusas:
Os sacerdotes, escribas e fariseus, com suas religiões hipócritas, pretendiam ser
os donos do saber e roubavam a própria consciência histórica do povo.
Os zelotes, apesar de certo interesse no povo, contrariavam a esperança messiânica,
por causa do comportamento fanático, violento e falta de alternativa.
Os herodianos e saduceus, preocupavam-se com os privilégios que a situação presente
lhes proporcionava. Estavam longe das aspirações do povo.
Em resumo, apenas um pequeno grupo tinha uma visão mais esclarecida sobre o Reino de
Deus e esperavam por um reino de justiça e amor.
6 as tradições e os costumes dos antepassados.
Maria, no canto Magnificat (Lc 1, 46-55) recorda ao povo que outrora, Deus se
comprometera a libertar o povo oprimido.
José, "chamado justo", Zacarias, Isabel, Simeão e tantos outros também partilhavam
dessa mesma esperança de Maria.

O Reino de Deus inaugurado por Jesus
Jesus vivia num ambiente popular, onde era viva e forte a espera de um Reino que
fizesse a justiça aos oprimidos, por isso a proposta de Jesus vem mexer com a luta
pela libertação do povo sofredor. Jesus se revela o ungido, aquele sobre quem o
Espírito de Deus repousa fazendo-o restituir a liberdade aos cativos (Lc 4, 16-22)
e em outros momentos, acrescenta ainda, "O Reino de Deus está no meio de vós"
(Lc 17, 21). Tudo isso para dizer que os homens é que são responsáveis pela construção
do Reino, e que toda e qualquer forma pela qual o povo se organiza para uma sociedade
mais fraterna e mais justa constitui um passo na construção do que Jesus anunciou.

Características do Reino de Deus

I. O Reino de Deus é dos pobres
É pela sua vivência que Jesus recorda ao povo as palavras de Isaías e o faz
compreender mais uma vez que a libertação só viria através do próprio povo pobre
e sofredor.
Como filho de carpinteiro, Jesus viveu no meio de camponeses, onde se criou,
trabalhou, ajudou multidões e escolheu seus discípulos. E foi aí, no meio
dessa gente, que brotaram as raízes do Reino que Jesus inaugurou.
II. É um Reino de Amor
Jesus insiste que todos somos filhos de um mesmo pai que é Deus. E por sermos
filhos do mesmo pai, temos por obrigação, respeitar os outros, nos seus direitos
fundamentais, e temos o direito de sermos respeitados como filhos de Deus e como
gente (Jo 15, 12). Esta é a motivação profunda para o amor fraternal que deve
existir entre os homens. Mas Jesus não quer dos homens apenas fraternidade.
Ele também dá exemplo de misericórdia que se traduz no gesto de não julgar,
não condenar as pessoas, ser compreensivo (Lc 6, 36-38), ter ternura e gratuidade
(Lc 15, 11-31) e o mais importante: saber perdoar para merecer o Reino. (Lc 6, 27-35)
III. É um Reino Universal
Jesus preocupa-se para que o seu Reino não seja privilégio apenas de um grupo,
mas que este se estenda a todos os povos, e inicia sua caminhada na Galiléia,
onde o povo que o escutava e acompanhava era mais aberto a sua mensagem. Depois
seguiu para Jerusalém, onde foi vítima do cerco dos poderosos que o mandaram para
a cruz. Depois da ressurreição pediu aos discípulos para esperá-lo na Galiléia e
mandou que os apóstolos anunciassem a Boa Nova a todas as criaturas e todas as
nações. (Lc 4, 25-29; Mt 28, 16-20)
Como conquistar o reino
Para entrar no Reino de Deus não basta apenas aceitar a mensagem de Jesus como
verdade, mas , é necessário transformá-la em realidade concreta, e começamos a
transformação quando:
· Nos libertamos da escravidão, da riqueza, do lucro. A alegria dos que conseguem
esta libertação se contrapões a tristeza dos gananciosos. (Lc 18, 23)
· Nos libertamos do ódio e do desprezo pelos outros. Não há ação libertadora quando
o amor, o respeito, a reconciliação e o perdão para com o próximo não existem.
· Nos livramos da sede de dominação. Para que os homens não explorem seus semelhantes
é preciso que encarem o poder como um serviço do povo. (mt 20, 28)

2 comentários:

  1. Afonso Key, músico baiano de muita qualidade musical, é também um blogueiro inteligente e dos mais preparados sobre a história e as parábolas de Jesus Cristo. Saudações do Blog do Professor Tim.

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  2. Professor, fico bastante lisonjeado com as suas observações...Estarei sempre aqui para servi-lo ( obrigado )

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Obrigado pela sua leitura

Estamos iniciando um Blog com informação ,curiosidades e polemicas ..nos ajude com comentários,pois sua participação é muito importante ( Boa leitura )
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Já tiveram a oportunidade de ver algum objeto caindo na terra.