Translate

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Verdadeiro Natal

 

natal-contagia-590x442

Para muitos o natal é uma festa a ser meramente comemorada, dão-se presentes, regalam-se com comes e bebes, festejam entre parentes e amigos.No entanto, como cristãos, entendemos pela Palavra de Deus que o natal (nascimento de Cristo), representa o cumprimento das muitas promessas a respeito da vinda do Messias, o Salvador da humanidade.Portanto o natal é bem mais que comemoração: É celebração da salvação.Quanto ao fato do nascimento de Cristo ser celebrado não deveriam existir discussões. Porém, quanto à data, à forma e o significado deste evento existem muitas controvérsias.Em primeiro lugar, discute-se muito a respeito do dia separado para esta celebração. Realmente 25 de dezembro não é a data original do nascimento de Jesus Cristo. O dia correto não se sabe, no entanto com alguns cálculos bíblicos é possível concluir que o nascimento se tenha dado em um dia entre os meses de março e junho; Apesar de ter quem defenda que foi próximo ao final de Setembro.

No período que envolve a colheita e a primavera judaica a data tradicional de 25 de dezembro, inicialmente fez parte do calendário romano, quando era comemorado o “Solstício de Inverno” (dia que marca a chegada do inverno e do verão).

Nesta ocasião era realizada uma festa pagã de adoração ao astro sol, que representava para eles a divindade chamada “Sol invicto”. Porém, por influência da presença marcante dos cristãos na vida do império, este dia veio a ser oficializado como do dia da comemoração do nascimento de Jesus Cristo, desfazendo o costume pagão, o que veio a se tornar uma tradição cristã, Malaquias profetizou:[“Mas para vocês que temem o meu nome, nascerá o sol da justiça trazendo salvação em seus raios” (Jesus).

natal-religioso-29

Lembremos que quando Jesus nasceu o mundo estava sob o domínio romano e, no primeiro dia da semana era adorado o “Sol invicto”.Quando Jesus ressuscitou no domingo, biblicamente, este dia passou a ser chamado “Dia do Senhor”. Até hoje a maioria dos cristãos consagram o domingo à adoração de Jesus Ressurreto.Em segundo lugar os símbolos tradicionais de natal são muitas vezes questionados. Não estamos dizendo das discrepâncias, como o uso de duendes, gnomos..., que realmente nada tem a ver com o “Natal de Cristo”. Mas, das guirlandas, do presépio (estrebaria), o pinheirinho, as bolinhas coloridas, os pisca-piscas, as luzinhas, os presentes, os anjos, as estrelas, sinos e as canções.Quanto aos anjos, as estrelas, canções, presentes e a estrebaria não há muito que discutir, pois a Bíblia revela que Maria deu a luz à Jesus e deitou-o numa manjedoura (gamela onde se depositava alimentos para os animais), pois não havia lugar na estalagem. Aos pastores foi anunciado o nascimento, e um anjo fez os convites para visitá-lo na estrebaria (um compartimento ligado à hospedaria ou uma gruta próxima, como era costume dos judeus), logo surgiu uma multidão de exércitos celestiais (milhares de anjos) e louvaram a Deus.Os magos do oriente foram guiados pela estrela e deram os presentes (ouro, incenso e mirra), ao bebê Jesus (Lc. 2.1-19; Mt. 1.18-25 a 2.1-2). Em relação aos outros símbolos, eles são frutos de tradição cristã, apesar de alguns autores os associarem ao paganismo.

Dizem por exemplo que o pinheirinho vem da antiga prática pagã de idolatria envolvendo árvores sagradas, mas se esquecem que não somos pagãos e nossa concepção deve ser renovada pela mente de Cristo e pelo Espírito Santo.

natal_presepio_lk

Por exemplo, a Bíblia diz que “...Apareceu o Senhor a Abraão nos carvalhos de Manre, estando ele assentado à porta da tenda no calor do dia”: Gn. 18.1. Em uma época em que os pagãos tinham o carvalho como sagrado, Deus não se incomodou de falar com seu servo ali, pois sabia que ele não adorava uma árvore e sim ao Criador, de quem foi chamado de amigo.

A Bíblia fala muito a respeito de árvores em comparação a vida de Deus nos justos (Sl.1; Jo.15.1-5; Sl.92.12; Is.61.3). Não é justo condenar cristãos que montam e enfeitam uma árvore; mesmo porque algumas dessas práticas foram consolidadas pela própria tradição protestante, o primeiro a por enfeites coloridos e iluminar uma árvore de natal.O Natal deve ser uma festa de luz e cores, pois Jesus é a luz do mundo, é Ele que confere beleza e encanto a nossa vida.As bolas coloridas representam “Romãs”, que na Bíblia simbolizam santidade e prosperidade (vida frutífera) (Ex.39.24-26).

Os sinos também faziam parte das vestes sacerdotais.As guirlandas (coroas), na antigüidade faziam parte do prêmio dos vencedores, representam honra e glória. Há autores que afirmam que as guirlandas são uma forma satânica de figurar a coroação de Cristo com uma coroa de espinhos. Isto soa como extremamente tendencioso, pois a própria Bíblia afirma que os cristãos devem visualizar a Cristo como um rei coroado de glória e honra (Hb.2.9). A guirlanda não aponta outra coisa senão para esse esplendor de Cristo.As mais belas canções de Natal são uma composição evangélica. Por exemplo: “Eis dos anjos a harmonia” – Charles Wesley.

Sendo assim, celebre o natal dentro da liberdade cristã.

Gosta de símbolos? Utilize-os, se não, não. Mas lembre-se destas recomendações:

Primeiro, o Natal de uma família cristã é a celebração espiritual (leia Lc.2.1 a 20; Mt.1.18 a 2.12 com sua família).Faça uma oração de gratidão por Jesus ter nascido para nos salvar.Avaliem a convivência familiar, façam consertos, peçam perdão e declarem boas coisas uns aos outros.Segundo, o nascimento de Jesus foi um presente de Deus para a salvação da humanidade.No natal desembrulhe este presente diante de outras pessoas. Mostre Jesus para alguém que não o conheça. Símbolos são apenas símbolos.

O-verdadeiro-Natal-Renascimento-de-Um-novo-Ser

Não é porque o mundo ocidental, principalmente, se volta para comemorar o Natal nesta época do ano que nós o fazemos. Na verdade, o nosso Natal é comemorado de uma maneira completamente diferente do mundo.

1º  Comemoramos o nascimento de Cristo todos os dias do ano! Sim, esta é a mensagem do Evangelho: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade... (João 1:14). Não há um culto sequer, durante o ano, em que deixemos de louvar a Deus pela vinda de Jesus para ser o nosso Redentor.

2º  Comemoramos o Natal com consciência de quem é Jesus e do que Ele fez por nós. Sabemos que Jesus é eterno, que no princípio Ele era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (João 1:1). Compreendemos que o homem Jesus foi a encarnação do Filho de Deus, e que todas as coisas (oUniverso) foram feitas por intermédio dele (Jesus), e sem ele nada do que foi feito se fez (João 1:3).

3º  Entendemos que a vinda de Jesus ao mundo é prova do grandioso amor de Deus por nós. Comemorar o Natal é um privilégio quando lembramos que Deus amou o mundo (a nós) de tal maneira que deu Seu Filho... (João 3:16).

4º  Ao louvarmos a Deus pelo Natal de Cristo estamos, também, reconhecendo o que somos: mas a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. (João 1:12).

Assim, o Natal não se comemora somente na segunda quinzena de dezembro, mas durante todo o ano. Não se comemora comendo, bebendo ou comprando presentes compulsivamente. O Natal se comemora servindo a Deus, adorando, louvando ao Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 

natal08

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Saulo de Tarso,ou simplesmente Paulo 1º parte


um breve perfil biográfico
1 - introdução: Diversas imagens, única pessoa       
Sobre Paulo muitas teorias já foram elaboradas. Muitas palavras soltas já foram ditas e  inúmeras projeções pessoais foram feitas. Paulo já foi tido como fundador do cristianismo; já foi acusado de inimigo das mulheres; submisso ao império; anti-semita; moralista; falso apóstolo. Enfim, diversos conceitos foram traçados sobre esse apóstolo. Nos últimos anos, contudo, buscou-se, cada vez mais, aproximar-se da verdadeira expressão de Paulo. Tentou-se resgatá-lo desse emaranhado de teorias e delimitar seu verdadeiro rosto. Rosto esse que é de um judeu, fariseu (Fl 3, 3-6) que experiênciou Jesus (At.9, 3-9;1Cor 9,1; 15, 8; Fl 3,12; Gl 1, 15 -17) e a partir dessa experiência, delimitou toda sua vida, impondo a si mesmo a tão sublime missão de Anunciar , a qualquer custo e até os confins da terra(Rm15, 24.28),o evangelho de Deus(Rm 1,1). Nas palavras do próprio Apóstolo: “ai de mim de se não Evangelizar”(1Cor 9, 17).
Nesse sentido, é salutar entender Paulo, sua vida e sua história. Para realizar essa empresa de conhecer com minúcias a vida de Paulo, duas fontes podem se utilizadas. Por um lado, os Atos dos Apóstolos e, de outro, as Cartas que são comumente aceitas como paulinas. Seguiremos aqui, assim como O’conor , o viés das cartas para traçar de Pauloum perfil biográfico, não sem o devido cotejo com os Atos. Portanto, narraremos a vida desse apóstolo primariamente nas Cartas e, sempre que necessário, completaremos com os Atos. Em outras palavras, nossa fonte principal é o que Paulo diz dele mesmo, depois os atos. Principiemos comentando de sua infância.
Sem título(7)
2 - SAULO: De Tarso a Jerusalém
Sobre os primeiros anos de sua infância, Paulo diz muito pouco. Ele é extremamente lacônico ao falar de suas origens. Sempre que o faz é para justificar seu ministério e seu trabalho pastoral (2Cor 11,22; Rm 11,1; Fl 3,4-5). Assim, para Paulo mais importante que sua história pessoal, era anunciar o Evangelho.
De próprio punho, ele diz acerca de si mesmo que é Hebreu, Israelita (2Cor 11,22; 11,1; Fl 3,5) e pertence a tribo de Benjamin (2Cor 11,22; Rm 11,1; Fl 3,4-5). A insistência em afirmar que é judeu de Israel, denuncia  que Paulo, embora não sendo criado em Jerusalém – portanto,  da diáspora – era um judeu convicto, descendente de família Israelita.Sua origem é confirmada do ponto de vista religioso-juridico quando afirma que fez a circuncisão ao oitavo dia (Fl 3,4).Somente, judeus que respeitavam as tradições de Israel, fariam a circuncisão fora de Jerusalém.
Se nas cartas de Paulo não encontramos um lugar certo para sua origem, nos Atos dos Apóstolos, todavia, encontramos um discurso, que Lucas põe na boca de Saulo, onde ele indica sua origem(At 21,39; 22,3). Nesse texto, Saulo diz que nasceu na próspera cidade de Tarso – o que pode ser datado entre os anos 3-8 d.C.
Tarso, atual Tarsus na Turquia, era uma Antiga e importante cidade vinculada aos Romanos. Desde o século IV. a.C. já tinha fama de grande e próspera. Tornou-se, com Pompeu, Capital da província da Silicia. Era Economicamente próspera, culturalmente rica e politicamente organizada. Nela havia uma famosa escola filosófica de caráter estóico de onde despontaram, entre outros, Zenão e os Irmãos Atenodoros. Era, também, uma região de terras férteis. Tinha uma grande produção de algodão e de peles de cabra. Possuía um grande porto por onde escoava sua produção .
Paulo, portanto, está no seio de uma comunidade com muitas influências. Em sua gênese familiar é judeu. Em seu universo social, está em estreito contato com gregos. Sua formação, portanto, caminha entre o amor a Torah e a envolvente filosofia de sua época5. Esse elemento, sem dúvida lhe facultará enveredar pelas diversas culturas (Rm 1, 14;Gl 3, 28) com grande destreza e sem nenhuma tibieza.
Acerca de familiares e parentes, Paulo, também, não diz nada. Insiste, apenas, em falar que é um “hebreu, filho de Hebreus”( 2Cor 11,22). Seguramente seus pais são judeus que foram levados para a região de Tarso, pelos romanos. Eles deviam ter recursos, pois Paulo não menciona ter trabalhado na infância. Para época, estudar, despendia de grande soma de númerários . Encontramos, contudo, uma alusão a uma possível família de Paulo no segundo opúsculo redigido por Lucas( At 23, 16). Nestes versículos fala-se de uma irmã e um sobrinho de Paulo. Ele, o sobrinho, avisa de uma conspiração contra o tio. Há, ainda, uma referência a uma mãe de Paulo ( Rm 16, 13). Longe de tratar-se de uma mãe biológica, o texto deve está fazendo alusão ao respeito que Paulo tem pela mãe de Rufo.
Por fim, deve-se mencionar, seguindo o que diz  Lucas, que Paulo é cidadão  Romano( At  16,35-39; 25, 12.16.21.25). É provável que  tenha adquirido esse status   como herança direta de seus pais ou  avós.Ser cidadão Romano, seguindo o raciocínio  de Dood , era ser um  indivíduo cosmopolita, pois as “fronteiras do Império  de Roma confundiam-se  com os limites do Mundo”.  Também são adjetivos de um cidadão romano isenção de  alguns impostos e  proteção do Estado.Paulo é, portanto, um cidadão universal.
Em síntese, Paulo é um judeu da diáspora, um  cidadão Romana,  radicado na opulenta cidade de Tarso. Sua formação primeira está arraigada sob a “tradição dos Pais” e as correntes filosóficas do mundo em que vivia. Devia ser de uma família abastarda  que ele nunca menciona. Talvez, tivesse uma irmã e sobrinhos. Sua infância, portanto, deve ter transcorrido tranquilamente em Tarso.
3 - PAULO: de Jerusalém a Damasco
Após sua formação inicial em Tarso, Paulo precisava decidir – não que fosse tão simples assim - entre continuar vivenciando a “Tradição dos pais” ou tomar outro  caminho,  talvez o da filosofia Estóica, muito comum em Tarso. Ele opta pela primeira, parte para Jerusalém.
Após mais ou menos seis semanas de caminhada, que é o tempo necessário para percorrer os 800km  de Tarso a Jerusalém, Paulo estabelece-se nessa cidade.(Alguns dizem que na páscoa do ano 15 d.C).Nesse ambiente, segundo ele mesmo fala, passa a engrossar as fileiras do partido dos Fariseus (Fl 3,5; At 23,6). Trata-se de um grupo religioso que surgiu, de forma seminal, com o movimento hassindico( por volta de 138 a.C). O nome fariseus, contudo, aparece em 135 a.C, no período do João Hircano. Eles são um movimento que faz oposição aos Saduceus e gozam de grande prestígio nas camadas populares. Ocupam-se, geralmente, em manter a pureza da Torah - conseqüentemente da tradição dos Antepassados. São fiéis e rigorosos observantes da Lei e de seus ensinamentos. Paulo, portanto, torna-se um fiel defensor das tradições de Israel e qualquer coisa que macule essa tradição é passiva de ser rechaçada.
O homem de Tarso, judeu da diáspora, dentro desse movimento não é qualquer um. Ele mesmo diz que progredia mais que qualquer outro no Judaísmo (Gl 1, 14; AT 22,3 Fl 3,5) Todo seu estudo foi dirigido por um sábio chamado Gamaliel I (At 22,3) que tinha fama de prudente e paciente (At 5,34).Esse Sábio é  o Pai de Gamaliel II  que será, no futuro, decisivo para consolidação da Escola farisaica que estabeleceu-se Yavne, após a destruição do templo de Jerusalém - 70 d. C, por Tito – e o  genocídio que ocorreu na  fortaleza de  Massada.
Sendo Paulo um fiel guardador das “Tradições dos Pais”, quando começou a aparecer no coração do judaísmo os “seguidores do Caminho” ( At 19,9; 22,4) era natural que ele tentasse desautorizá-los ( deve-se questionar em que os Cristão incomodavam). Por esse motivo, por seu zelo e por suas convicções farisaicas, ele desencadeou, com a permissão do Sumo Sacerdote, uma “voraz caçada” aos Judeus-Cristãos (1Cor 15,9; Gl 1,13.23;Fl 3,6; Tm 1,13-14) que estariam ludibriando os Judeus com a pseudo-informação de que Jesus havia ressuscitado. Aos seus olhos isso parecia uma heresia que precisava ser combatida com rigor.
Numa de suas investidas contra os seguidores do Caminho(At 22,4), supostamente na via de acesso a Damasco ou numa viagem a casa dos pais, - onde o caminho de Damasco era mais seguro - aconteceu algo de misterioso, algo transcende que determinará toda sua  vida posterior. A vida desse fariseu, oriundo de Tarso e educado em Jerusalém, será visceralmente reformulada. Suas convicções, sob muitos aspectos, serão revistas. Ele passará, naturalmente, da postura de perseguidor à de fiel anunciador da  mensagem de Jesus, a quem ele perseguia.
São Lucas, nos Atos dos Apóstolos, apresenta uma descrição minuciosa da conversão de São Paulo. São três relatos (At 9,3-19 ;22,6-16;26,12-18) que, embora apresentem diferenças em alguns detalhes, conservam um núcleo comum. Nos dois últimos são Lucas põe na boca de Paulo a narrativa  de sua conversão e a  trajetória tanto antes como depois da conversão. Na primeira, o Evangelista, narra somente o fato ocorrido, quando  da conversão do Apóstolo.
Nas três narrativos vários dados são comuns. Primeiro, Paulo está a caminho de Damasco ( 9, 3; 22,6; 26,12). Numa certa altura uma luz ilumina-o e envolve-o ( 9, 3; 22,6; 26,13). Em seguida ele cai por terra ( 9, 4; 22,7; 26,14) e ouve uma voz que lhe interroga e lhe chama pelo nome ( 9, 4; 22,7; 26,14). A essa voz, ele responde com uma interpelação ( 9, 4; 22,8; 26,15 ). A qual é rapidamente respondida, pela afirmação de que é Jesus a quem ele persegue (9, 5; 22,8; 26,15). Depois desse diálogo entre Paulo e Jesus, segue uma ordem do ressuscitado para que ele entre em Damasco onde lhe dirão o que fazer ( 9, 6-9; 22,10-11, 26,20 ). Imediatamente ele começa a anunciar Jesus como Filho de Deus ( 9, 20-21; 22,15; 26,19 ). Curioso que na última descrição da conversão de Paulo face a Agripa, o Evangelista diz que o apóstolo não se fez indiferente ao chamado e passou a anunciar o ressuscitado. Essa mesma idéia transparece nas cartas Paulinas.Diante de seu chamado, não há mais outra opção a não ser seguir e anunciar Jesus.
O relato minucioso de Lucas é contrabalanceado pela lacônica descrição do apóstolo dos Gentios, em suas cartas, acerca de seu chamado. Sempre que o faz é para afirmar a necessidade de Evangelizar. Desse ponto, pode-se intuir que a conversão de Paulo é o “Leitmotiv” de sua ação missionária, pastoral e  Evangelizadora.
Ele diz sobre sua “conversão/chamado” que foi alcançado por Deus(Fl 3,12).De Igual modo, afirma que foi separado desde o ventre Materno( Gl 1, 15 -17) –mesma linguagem usada por Jeremias(Jr. 1,5). Em ambas as citações ele tenta justificar seu apostolado. Na carta aos Filipenses, fala de sua busca perene pela perfeição em Cristo (Fl 3, 9ss). Na epistola dirigida aos gauleses, Paulo afirma que foi separado desde o ventre materno porque havia alguns outros seguidores de Cristo que talvez tenham desautorizado seu apostolado (Gl 3, 20) .
Na Primeira carta aos Corintos, contudo, ele faz considerações maiores e mais esclarecedoras sobre sua experiência do Senhor. Ele diz que “viu” o Senhor(1Cor 9, 1; 15, 8).Trata-se de um verbo da ressurreição. Portanto, em sua conversão, ele experienciou o Jesus Ressuscitado. – Tal qual Maria de Magdala e Tomé, entre outros (Jo 20,14. Jo 20 25- 28). Quando ele afirma que viu o Senhor em 1Cor 15,8 o Apóstolo, coloca-se em pé de Igualdade com todos os outros que tiveram contato com Jesus ressuscitado.
Ele, de modo especial, foi digno de Ver o Cristo.(1Cor 15,3-8). Sua missão, portanto, decorre necessariamente  da  experiência do Cristo ressuscitado. Tudo que ele faz; tudo que ele realiza; todas as provações às quais é submetido, tudo decorre inevitavelmente dessa experiência mística de encontro com o Senhor. Ele não tem outra motivação, a não ser anunciar o Evangelho.
apostolo_paulo_de_tarso_escritor_cristianismo_465
4 - PAULODe Damasco para o mundo, a missão de Evangelizar
Desde os arredores de Damasco e dessa  experiência que ele viveu,  vida de Paulo nunca  mais foi igual. A inteireza de sua vida, adquiriu um novo sentido, um novo  significado. Aquele que  era tido com desgraçado,  Maldito porque fora suspenso numa  cruz(Gl 3,13), revelou-se como  Salvador Crucificado e Ressuscitado. Ele é agora a força motriz de todo  o trabalho Paulino. Essa certeza,  que guiará toda sua vida; que alentará todo   seu testemunho; que lhe fará percorrer, segundo  alguns estudiosos, mais de  10  mil quilômetros e desejar chegar até os confins da Terra, Espanha(Rm15, 24.28) ; Bem como é ela que o faz  suportar  diversos sofrimentos e privações(1Ts, 2, 2; 2Cor 1, 8-10; 1Cor 7, 5; 11, 22-33  15, 32; ).
Podemos especular  o  quanto Paulo   deve ter sofrido internamente para executar sua missão. O quão difícil deveria ser para ele, assumir o que agora sentia.  Esse fato porque, de um lado estava toda uma educação, todo um estudo farisaico e toda uma perseguição desencadeada contra os Seguidores do Caminho. Por outro, estava o reconhecimento      de Jesus como Messias que Paulo tanto esperara. Assumir isso implicaria em renunciar tudo aquilo que ele acreditava  (os cristãos estavam enganando os judeus, que a lei era tão vital para vida, pois Jesus em muitos aspectos a descumpriu)  e assumir Jesus como Filho de Deus . Deve ter sofrido internamente, mas acedeu ao  projeto  do ressuscitado
Em seus escritos, o   Judeu de Tarso e, agora, fiel seguidor de Cristo, paulatinamente disseca a anatomia de sua missão e a motivação que lhe leva a agüentar tão grande empresa. Cronologicamente,  ele estabelece-se  na Arábia e depois estabeleceu-se em Damasco(Gl  1,18). Podemos intuir que sua estadia em  Damasco, além da pregação que fazia, deve ter apreendido muito sobre  a Figura histórica de  Jesus e, concomitantemente, delineado sua missão apostólica. Em seguida, parte para Jerusalém onde encontra Pedro e Tiago(Gl 1,19-20)e, depois, dirige-se à região da Cilícia e  da Síria( Gl 1,20 -21).
Reencontramos esse incansável Apóstolo  no Livro do Atos 11, 25-26 em contato com  Barnabé que lhe convida para executar uma missão em Antioquia do Orontes. Essa comunidade havia sido fundada com a dispersão dos Judeus-cristãos de Jerusalém (At 11, 19-20). Tratava-se de um cidadela  importante, construída por Seleuco. Tornou-se capital da Província romana da Síria por  Pompeu. Era uma cidade plural onde coabitavam, judeus e  gentios; ricos e pobres. Desse ponto, é que decorrer a  aporia entre Pedro e Paulo com relação às refeições comuns entre  judeus e gentios(Gl 1,11-14)        e a conseqüente solução que Paulo deveria ir aos gentios Anunciar o Evangelho de Deus(Gl 1, 9-10).
  Da missão de Antioquia, decorre inevitavelmente  todo o apostolado de Paulo. Lucas nos Atos narra uma primeira viagem do Apóstolo Paulo (At 13-14).Ele vai da Antioquia à  Seleucia (At 13,4) e desse ponto para a Chipre(At 13,4). Em seguida vai  a  Salamnia (At 13,5) e a ilha de Pafos (At 13, 6). Depois,  parte para Perge, na Panfília(At 13,13) e  Antioquia  da Psídia. Por fim,  chegam a lista e Derbe (At 14,6)  e voltam para Antioquia(At 14,26). Segundo Alguns estudos  essa missão deveria ter durado 26 dias e os apóstolos terem percorridos cerca de  3.200Km numa região difícil, suscetível a assaltos e  perigos diversos.
Após essa longa viagem Paulo separa-se de Barnabé (At 15, 36-41). Associa-se a  Silvano(At 15,40) e inicia uma  nova peregrinação  Missionária (At 16-18). Ele dirige-se a comunidades já formadas (Lista ou Derbe ). Nessa viagem Paulo Converte Timóteo que  ser torna seu fiel companheiro (1Cor 4,17). Seguindo seu  itinerário, chegou a Galácia . Segundo ele mesmo relata, ele adoeceu e teve que ficar entre  os Gauleses para se tratar(Gl 14,13). Após gálatas ele parte para Troas/ Troade (At 16,8) e adentram a macedônia(At 16, 9-10)e chegam a Europa. Fundam comunidades em Filipos(At 16,12-40), Tessalônica (17, 1-9) e Beréia ( AT 17, 10-15).Após controvérsias nesta  última cidade (17,5-10, 1Ts 2,2 ) Paulo parte Atenas (At 17, 15-34. 1Ts 3,1), de onde escreve aos Tesssalonicos. Após   esse acontecimento vai à  Corinto, capital da província da Acaia(At 18,1-18 2Cor 2,1), onde escreve aos Romanos de seu desejo de visitá-los e  chegar a Espanha(Rm15, 24.28).Desta região ele retorna à comunidade mãe, Antioquia (At 18,22)
Após  um descanso em  Antioquia Paulo retoma seu trabalho missionário. Visita, novamente as comunidades da Frigia e da Gália, certamente para alentá-las na fé no Cristo Ressuscitado(At 18, 23). Depois parte para outras  campos, desta vez segue rumo a Éfeso ( At 19, 1) até o incidente do ourives ( At 19,23), quando parte para  Macedônia, visita Corintos, Filipos e Beréia. Depois,  pela via marítima,  dirige-se  para Troade e , imediatamente, para  Mileto ( At 20,17). De  mileto dirige-se a Jerusalém ( At 21, 17).  Onde é preso e encaminhado para Roma, por via marítima -  Neste lugar escreve a 2Tm. Segundo relatos históricos, foi nessa cidade decapitado pelo imperador Romano, na  segunda metade do século I a.C
Paulo_de_Tarso
5. À GUISA DE CONCLUSÃO: Uma pergunta e uma resposta que se  impõem!
Após três viagens fatigantes, diversos suplícios e inúmeros perigos que poderia correr (1Ts, 2, 2; 2Cor 1, 8-10; 1Cor 7, 5; 11, 22-33  15, 32; ), uma pergunta que se impõe é: O que motivara Paulo  a enfrentar todas essa peripécias. Uma única resposta se nos impõe: Seu amor por Cristo, Sua experiência do Ressuscitado.
Essa resposta pode ser confirmada  nas  cartas paulinas. Na Carta aos  Gálatas, um dos textos mais antigo do NT, o Apóstolo  Afirma que  o que  ele anuncia não é uma   revelação humana, mas  o próprio Cristo que a ele se apresentou (Gl 1,12). Assim, o que move Paulo a Evangelizar os Gauleses é a revelação do Ressuscitado.De igual  modo, na carta aos Efésios, ele assegura que sua missão  brota diretamente da  revelação que Cristo lhe fez. A ele, menor dos apóstolos, foi dada a graça de anunciar o Evangelho (Ef 3,8).
Mais reveladora, ainda são as cartas aos Corintos. Nela, em diversos momentos, ele alude à sua experiência de Deus como viés motivador de sua ação  pastoral. Inicialmente, em  1Cor 3, Ele desautoriza que se coloque qualquer outra pessoa no lugar de Cristo como Fundamento, só ele é  base do apostolado.( 1Cor 3,11). Prossegue  e diz, mais ainda, que  “anunciar o Evangelho é uma obrigação que não lhe foi atribuída por vontade própria,mas pela graça de Cristo (Cf. 1Cor 9,12ss”. Desse modo, a conclusão lógica dele é dizer: “ai de mim, se não Evangelizar”(Cf 1Cor 9,14).
Portanto, a missão de Paulo decorre inevitavelmente de sua relação  com o ressuscitado.Tudo o que ele faz, todas as suas peregrinações, todo o seu ministério, todo seu Trabalho é motivado pela sua experiência de Deus. é o que ele expressa quando defende seu evangelho aos Gauleses: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2, 20).
























terça-feira, 30 de outubro de 2012

A Arca de Noé


A história de Arca de Noé, de acordo com os capítulos 6 a 9 do livro do Gênesis, começa com Deus observando o mau comportamento da Humanidade e decidido a inundar a terra e destruir toda vida. Porém, Deus encontrou um bom homem, Noé, "um virtuoso homem, inocente entre o povo de seu tempo", e decidiu que este iria preceder uma nova linhagem do homem. Deus disse a Noé para fazer uma arca e levar com ele a esposa e seus filhos Shem, Ham e Japheth, e suas esposas. E, de todas as espécies de seres vivos existentes então, levar para a arca dois exemplares, macho e fêmea. A fim de fornecer seu sustento, disse para trazer e armazenar alimentos.

Obra O Dilúvio, Capela Sistina, de Michelangelo Buonarroti.

Noé, sua família e os animais entraram na arca e "no mesmo dia foram quebrados todos os fundamentos da grande profundidade e as janelas do céu foram abertas, e a chuva caiu sobre a terra por quarenta dias e quarenta noites". A inundação cobriu mesmo as mais altas montanhas por mais de seis metros (20 pés), e todas as criaturas morreram; apenas Noé e aqueles que com ele estavam sobre a arca ficaram vivos. A história do Dilúvio é considerada por vários estudiosos modernos como um sistema de dois contos ligeiramente diferentes, entrelaçados, daí a aparente incerteza quanto à duração da inundação (quarenta ou cento e cinquenta dias) e o número de animais colocados a bordo da arca (dois de cada espécie, ou sete pares de alguns tipos) .
Eventualmente, a arca veio a descansar sobre o Monte Ararat. As águas começaram a diminuir e os topos das montanhas emergiram. Noé enviou um corvo, que "voou de um lado a outro até que as águas recuaram a partir da terra". Em seguida, Noé enviou uma pomba, mas ela retornou à arca sem ter encontrado nenhum lugar para pousar. Depois de mais sete dias, Noé novamente enviou a pomba e ela voltou com uma folha de oliva no seu bico e então ele soube que as águas tinham abrandado.



Noé esperou mais sete dias e enviou a pomba mais uma vez, e desta vez ela não retornou. Em seguida, ele e sua família e todos os animais saíram da arca e Noé fez um sacrifício a Deus, e Deus resolveu que nunca mais lançaria maldição à terra por causa do homem, nem iria destruí-la novamente dessa maneira.
A fim de se lembrar dessa promessa, Deus colocou o Arco da Aliança nas nuvens, dizendo: "Sempre que houver nuvens sobre a terra e o arco aparecer nas nuvens, eu me lembrarei da eterna aliança entre Deus e todos os seres vivos de todas as espécies sobre a terra".
 

Arqueólogos afirmam ter encontrado a Arca de Noé na Turquia

Um grupo de arqueólogos chineses e turcos afirmam ter localizado a bíblica Arca de Noé no topo do Monte Ararat, na Turquia, segundo informa nesta terça-feira, 27, ( 27 de abril de 2010 )   a imprensa local.
Reuters

Arqueólogos dizem que estão '99,9% seguros' de que encontrarama a Arca de Noé no Monte Ararat
Um dos membros do grupo, o documentarista chinês Yang Ving disse que foi localizada uma estrutura de madeira antiga a uma altitude de 4 mil metros no Ararat, que está localizado próximo à fronteira com o Irã.
O explorador, membro de uma organização internacional dedicada à busca da mítica embarcação em que Noé e sua família escaparam do dilúvio, afirmou que os vestígios encontrados datam de 4.800 anos atrás.
"Não é 100% seguro que seja a Arca, mas avaliamos que é 99,9%. A estrutura do barco tem muitos compartimentos e isso pode representar os espaços onde os animais foram acomodados", disse Ving em declarações à agência de notícias turca Anadolu.
O especialista também informou que o grupo entrou em contato com o governo da Turquia para pedir proteção ao local onde será feita as escavações e adiantou que solicitará à Unesco que inclua essa região na lista de patrimônios da humanidade.
Não é a primeira vez que um grupo de arqueólogos afirma ter encontrado a Arca de Noé no Monte Ararat, o mais alto da Turquia, onde a Bíblia narra que Noé desembarcou após as águas baixarem depois do Dilúvio.
O registro mais antigo da busca da Arca por um cientista ocidental foi o naturalista alemão Dr. Friedrich Parrot, que escalou o Monte Ararat em 1829. Embora ele não conseguiu encontrar provas substanciais para a prova, ele foi o precursor no campo - em 200 anos seguintes, muitos cientistas e exploradores foram dedicados à busca de um barco antigo, que corresponde a registros históricos. No entanto, o maior resultado da pesquisa no lado ocidental  em dois séculos, foi a recuperação de fragmentos de madeira na geleira a uma altitude de 4.000 m acima do monte Ararat. Do ponto de vista do objetivo científico, a descoberta de madeira no Monte Ararat é animador porque os cientistas afirmam que altitudes altas das montanhas teriam esgotados as árvores e nenhuma ocupação humana jamais foi encontrada em uma altitude acima de 3.000 metros. Os fragmentos de madeira foram descobertos no passado pode ter vindo da Arca.
Espacojames - Leia mais:http://www.espacojames.com.br/?cat=50&id=5381#ixzz2AvXw2U5j
A ARCA DE NOÉ ( REPLICA)
Muita gente ainda teima em dizer que a arca foi uma lorota pois não era possível um homem construir uma arca sozinho. Pois bem: um homem construiu uma arca semelhante à de Noé (na dimensão exata que consta na Bíblia). Veja abaixo a réplica da Arca de Noé Inaugurada em Schagen, Países Baixos



Uma réplica da Arca de Noé bíblica, completa com modelos de animais, foi aberta à visitação neste fim de semana na cidade de Schagen, no norte da Holanda.
O construtor da arca, Johan Huibers, é um defensor da teoria da criação e disse ter feito a réplica como uma demonstração de sua crença literal na Bíblia.
A arca tem 67,5 metros de comprimento – a metade do que seria o tamanho original da Arca de Noé – e três andares de altura.



A construção, feita pelo próprio Huibers, levou quase dois anos.
Huibers, que trabalha como empreiteiro, construiu a arca de cedro e pinho – porque os estudiosos da Bíblia não têm certeza sobre o tipo de madeira usada na construção da Arca de Noé.
Ele diz ter começado a construí-la em maio de 2005, após ter sonhado sobre a Holanda sendo inundada.
A réplica de Huibers tem ainda um auditório de 50 lugares.
A grande porta central do lado da Arca de Noé foi aberta para a primeiro grupo de curiosos de gente da cidade apreciar a maravilha. Claro, é apenas uma réplica da arca bíblica, construída pelo criacionista holandês Johan Huibers como um testemunho da sua fé na verdade literal da Bíblia.



A Arca tem 150 côvados de comprimento, 30 côvados de altura e 20 côvados largura. Ou seja, dois terços do comprimento de um campo de futebol e tão alta como três casas. Modelos de tamanho natural de girafas, elefantes, leões, crocodilos, zebras, bisões e outros animais saudam os visitantes à medida em que eles vão chegando.
Empreiteiro de profissão, Huibers construiu a arca de cedro e pinho. Os estudiosos da bíblia discutem sobre qual, exatamente, foi a madeira utilizada por Noé.
Huibers fez a maior parte do trabalho com sua próprias mãos, utilizando ferramentas modernas e com a ajuda ocasional de seu filho, Roy. A construção começou em maio de 2005. No pavimento superior ainda não coberto, não terminado a tempo para a abertura – haverá um mini-zôo, com cordeirinhos, galinhas, caprinos e um camelo.



Os visitantes no primeiro dia ficaram impressionados. “Isto é uma redescoberta do passado”, afirmou Mary Louise Starosciak, que, de férias, passeava de bicicleta com o marido, quando viram a Arca surgindo imensa sobre a paisagem local.
“Eu conhecia a história de Noé, mas eu não tinha idéia de que o barco teria sido tão grande. Há espaço suficiente na quilha para umas 50 cadeiras num cinema onde as crianças podem assistir a um vídeo que conta a história de Noé e sua arca”. Huibers, um homem cristão, disse que espera que o seu projeto vá renovar o interesse pelo Cristianismo na Holanda, onde a igreja encolheu dramaticamente nos últimos 50 anos.



























terça-feira, 25 de setembro de 2012

A IGREJA PRIMITIVA - A História, Doutrina e Prática

 

A palavra igreja vem do grego ekklesia, que tem origem em kaleo ("chamo ou convosco"). Na literatura secular, ekklesia referia-se a uma assembléia de pessoas, mas no Novo Testamento (NT) a palavra tem sentido mais especializado. A literatura secular podia usar a apalavra ekklesia para denotar um levante, um comício, uma orgia ou uma reunião para qualquer outra finalidade. Mas o NT emprega ekklesia com referência à reunião de crentes cristãos para adorar a Cristo.
Que é a igreja? Que pessoas constituem esta "reunião"? Que é que Paulo pretende dizer quando chama a igreja de "corpo de Cristo"?
Para responder plenamente a essas perguntas, precisamos entender o contexto social e histórico da igreja do NT. A igreja  primitiva surgiu no cruzamento das culturas hebraicas e helenística.

pregação igreja primitiva

Fundada a Igreja
Quarenta dias depois de sua ressurreição, Jesus deu instruções finais aos discípulos e ascendeu ao céu (At 1.1-11). Os discípulos voltaram a Jerusalém e se recolheram durante alguns dias para jejum e oração, aguardando o ES, o qual Jesus disse que viria. Cerca de 120 pessoas seguidores de Jesus aguardavam.
Cinqüenta dias após a Páscoa, no dia de Pentecoste, um som como um vento impetuoso encheu a casa onde o grupo se reunia. Línguas de fogo pousaram sobre cada um deles e começaram a falar em línguas diferente da sua conforme o Espírito Santo os capacitava. Os visitantes estrangeiros ficaram surpresos ao ouvir os discípulo falando em suas próprias línguas. Alguns zombaram, dizendo que deviam estar embriagados (At 2.13).
Mas Pedro fez calar a multidão e explicou que estavam dando testemunho do derramamento do Espírito Santo predito pelos profetas do Antigo Testamento (AT) (At 2.16-21; Jl 2.28-32). Alguns dos observadores estrangeiros perguntaram o que deviam fazer para receber o Espírito Santo. Pedro disse: " Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo " (At 2.38). Cerca de 3 mil pessoas aceitaram a Cristo como seu Salvador naquele dia (Atos 2.41).
Durante alguns anos Jerusalém foi o centro da igreja. Muitos judeus acreditavam que os seguidores de Jesus eram apenas outra seita do judaísmo. Suspeitavam que os cristãos estavam tentando começar um nova "religião de mistério" em torno  de Jesus de Nazaré.
É verdade que muitos dos cristãos primitivos continuaram a cultuar no templo (At 3.1) e alguns insistiam em que os convertidos gentios deviam ser circuncidados (At 15). Mas os dirigentes judeus logo perceberam que os cristãos eram mais do que uma seita. Jesus havia dito aos judeus que Deus faria uma Nova Aliança com aqueles que lhe fossem fiéis (Mt 16.18);  ele havia selado esta aliança com seu próprio sangue (Lc 22.20). De modo que os cristãos primitivos proclamavam com ousadia haverem herdados os privilégios  que Israel conhecera outrora. Não eram simplesmente uma parte de Israel - eram o novo Israel (Ap 3.12; 21.2; Mt 26.28; Hb 8.8; 9.15). "Os líderes judeus tinham um medo de arrepiar, porque este novo e estranho ensino não era um judaísmo estreito, mas fundia o privilégio de Israel na alta revelação de um só Pai de todos os homens." (Henry Melvill Gwatkin, Early Church History, pag 18).


a) A Comunidade de Jerusalém.
Os primeiros cristãos formavam uma comunidade estreitamente unida em Jerusalém após o dia de Pentecoste. Esperavam que Cristo voltasse muito em breve.
Os cristãos de Jerusalém repartiam todos os seus bens materiais (At 2.44-45). Muitos vendiam suas propriedades e davam à igreja o produto da venda, a qual distribuía esses recursos entre o grupo ( At  4.34-35).
Os cristãos de Jerusalém ainda iam ao templo para orar (At 2.46), mas começaram a partilhar  a Ceia do Senhor em seus próprios lares (At 2.42-46). Esta refeição simbólica trazia-lhes à mente sua nova aliança com Deus, a qual Jesus havia feito sacrificando seu próprio corpo e sangue.
Deus operava milagres de cura por intermédio desses primeiros cristãos. Pessoas enfermas reuniam-se no templo de sorte que os apóstolo pudessem tocá-las em seu caminho para a oração (At 5.12-16). Esses milagres convenceram muitos de que os cristãos estavam verdadeiramente servindo a Deus. As autoridades do templo, num esforço por suprimir o interesse das pessoas na nova religião, prenderam os apóstolos. Mas Deus enviou um anjo para libertá-los (At 5.17-20),  o que provocou mais excitação.
A igreja crescia com tanta rapidez que os apóstolos tiveram de nomear sete homens para distribuir víveres às viúvas necessitadas. O dirigente desses homens era Estevão, "homem cheio de fé e do  Espírito Santo" (At 6.5). Aqui vemos o começo do governo eclesiástico. Os apóstolos tiveram de delegar alguns de seus deveres a outros dirigentes. À medida que o tempo passava, os ofícios da igreja foram dispostos numa estrutura um tanto complexa.

APOSTOLADO TRADIÇÃO EM FOCO COM ROMA


b) O Assassínio de Estevão.
Certo dia um grupo de judeus apoderou-se de Estevão e, acusando-o de blasfêmia, o levou à presença do conselho do sumo sacerdote. Estevão fez uma eloqüente defesa da fé cristã, explicando como Jesus cumpriu as antigas profecias referentes ao Messias que libertaria seu povo da escravidão do pecado. Ele denunciou os judeus como "traidores e assassinos" do filho de Deus (At 7.52). Erguendo os olhos para o céu, ele exclamou que via a Jesus em pé à destra de Deus ( At 7.55). Isso enfureceu os judeus, que o levaram para fora da cidade e o apedrejaram (At 7.58-60).
Esse fato deu início a uma onda de perseguição que levou muitos cristãos a abandonarem Jerusalém (At 8.1). Alguns desses cristãos estabeleceram-se entre os gentios de Samaria, onde fizeram muitos convertidos (At 8.5-8). Estabeleceram congregações em diversas cidades gentias, como Antioquia da Síria. A princípio os cristãos hesitavam em receber os gentios na igreja, porque eles viam a igreja como um cumprimento da profecia judaica. Não obstante, Cristo havia instruído seus seguidores a fazer "discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28.19). Assim, a conversão dos gentios foi "tão-somente o cumprimento da comissão do Senhor, e o resultado natural de tudo o que havia acontecido..." (Gwatkin,Early Church History, p. 56). Por conseguinte, o assassínio de Estevão deu início a uma era de rápida expansão da igreja.


c) Atividades Missionárias.
Cristo havia estabelecido sua igreja na encruzilhada do mundo antigo. As rotas comerciais traziam mercadores e embaixadores através da Palestina, onde eles entravam em contato com o evangelho. Dessa maneira, no livro de Atos vemos a conversão de oficiais de Roma (At 10.1-48), da Etiópia ( At 8.26-40), e de outras terras.
Logo depois da morte de Estevão, a igreja deu início a uma atividade sistemática para levar o evangelho a outras nações. Pedro visitou as principais cidades da Palestina, pregando tanto a judeus como aos gentios. Outros foram para a Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Ouvindo que o evangelho era bem recebido nessas regiões, a igreja de Jerusalém enviou a Barnabé para incentivar os novos cristãos em Antioquia (At 11.22-23). Barnabé, a seguir, foi para Tarso em busca do jovem convertido Saulo (Paulo) e o levou para a Antioquia, onde ensinaram na igreja durante um ano (At 11.26).
Um profeta por nome Ágabo predisse que o Império Romano sofreria uma grande fome sob o governo do Imperador Cláudio. Herodes Agripa estava perseguindo a igreja em Jerusalém; Ele já havia executado a Tiago, irmão de João, e tinha lançado Pedro na prisão (At 12.1-4). Assim os cristãos de Antioquia coletaram dinheiro para enviar a seus amigos em Jerusalém, e despacharam Barnabé e Paulo com o socorro. Os dois voltaram de Jerusalém levando um jovem chamado João Marcos (At 12.25). Por esta ocasião, diversos evangelistas haviam surgido no seio da igreja de Antioquia, de modo que a congregação enviou Barnabé e Paulo numa viagem missionária à Ásia Menor (At 13-14). Esta foi a primeira de três grandes viagens missionárias que Paulo  fez para levar o evangelho aos recantos longínquos do Império Romano.
Os primeiros missionários cristãos concentraram seus ensinos na Pessoa e obra de Jesus Cristo. Declararam que ele era o servo impecável e Filho de Deus que havia dado sua vida para expiar os pecados de todas as pessoas que depositavam sua confiança nele (Rm 5.8-10). Ele era aquele a quem Deus ressuscitou dos mortos para derrotar o poder do pecado (Rm 4.24-25; 1Co 15.17).


d) Governo Eclesiástico.
A princípio, os seguidores de Jesus não viram a necessidade de desenvolver um sistema de governo da Igreja. Esperavam que Cristo voltasse em breve, por isso tratavam os problemas internos à medida  que surgiam - geralmente de um modo muito informal.
Mas o tempo em que Paulo escreveu suas cartas às igrejas, os cristãos reconheciam a necessidade de organizar o seu trabalho. O NT não nos dá um quadro pormenorizado deste governo da igreja primitiva. Evidentemente, um ou mais presbíteros presidiam os negócios de cada congregação (Rm 12.6-8; 1Ts 5.12; Hb 13.7,17,24), exatamente como os anciãos faziam nas sinagogas judaicas. Esses anciãos (ou presbíteros) eram escolhidos pelo Espírito Santo (At 20.28), mas os apóstolos os nomeavam (At 14.23). Por conseguinte, o Espírito Santo trabalhava por meio dos apóstolos ordenando líderes pra o ministério. Alguns  ministros chamados  evangelistas parecem ter viajado de uma congregação para outra, como faziam os apóstolos. Seu título significa "homens que manuseiam o evangelho". Alguns têm achado que eram todos representantes pessoais dos apóstolos, como Timóteo o foi de Paulo; outros supõem que obtiveram esse nome por manifestarem  um dom especial de evangelização. Os anciãos assumiam os deveres pastorais normais entre as visitas desses evangelistas.
Algumas cartas do NT referem-se a bispos na igreja primitiva. Isto é um bocado confuso, visto que esses "bispos" não formavam uma ordem superior da liderança eclesiástica como ocorre em algumas igrejas onde o título é usado hoje. Paulo lembrou aos presbíteros de Éfeso que eles eram bispos (At 20.28), e parece que ele usa os termos presbítero e bispo intercambiavelmente (Tt 1.5-9). Tanto os bispos como os presbíteros estavam encarregados de supervisar uma congregação. Evidentemente, ambos os termos se referem aos mesmos ministros  da igreja primitiva, a saber, os presbíteros.
Paulo e os demais apóstolos reconheceram que o ES concedia habilidades especiais de liderança a certas pessoas (1Co 12.28). Assim, quando conferiam um título oficial a um irmão ou irmã em Cristo, estavam confirmando o que o Espírito Santo já havia feito.
A igreja primitiva não possuía um centro terrenal de poder. Os cristãos entendiam que Cristo era o centro de todos os seus poderes (At 20.28). O ministério significava servir em humildade, em vez de governar de uma posição elevada (Mt 20.26-28). Ao tempo em que Paulo escreveu suas epístolas pastorais, os cristãos reconheciam a importância de preservar  os ensinos de Cristo por intermédio de ministros que se devotavam a estudo especial, "que maneja bem a palavra da verdade"  (2Tm 2.15). A igreja primitiva não oferecia poderes mágicos, por meio de rituais ou de qualquer outro modo. Os cristãos convidavam os incrédulos para fazer parte de seu grupo, o corpo de Cristo  (Ef 1.23),  que seria salvo como um todo. Os apóstolos e os evangelistas proclamavam que Cristo voltaria para o seu povo, a "noiva" de Cristo (Ap 21.2; 22.17). Negavam que indivíduos pudessem obter poderes especiais de Cristo para seus próprios fins egoístas (At 8.9-24; 13.7-12).


e) Padrões de Adoração.
Visto que os cristãos primitivos adoravam juntos, estabeleceram padrões de adoração que diferiam muito dos cultos da sinagoga. Não temos um quadro claro da adoração Cristã primitiva até 150 dC, quando Justino Mártir descreveu os cultos típicos de adoração. Sabemos que a igreja primitiva realizava seus serviços no domingo, o primeiro dia sa semana. Chamavam-no de "o Dia do Senhor" porque foi o dia em que Cristo ressurgiu dos mortos. Os primeiros cristãos reuniam-se no templo em Jerusalém, nas sinagogas, ou nos lares ( At 2.46; 13.14-16; 20.7-8). Alguns estudiosos crêem que a referência aos ensino de Paulo na escola de Tirano (At 19.9) indica que os primitivos cristãos às vezes alugavam prédios de escola ou outras instalações. Não temos prova alguma de que os cristãos tenham construído instalações especial para seus cultos de adoração durante mais de um século após o tempo de Cristo. Onde os cristãos eram perseguidos, reuniam-se em lugares secretos como as catacumbas (túmulos subterrâneos) de Roma.
Crêem os eruditos que os primeiros cristãos adoravam nas noites de domingo, e que seu culto girava em torno da Ceia do Senhor. Mas nalgum  ponto os cristãos começavam a manter dois cultos de adoração no domingo, conforme descreve Justino Mártir - um bem cedo de manhã e outro ao entardecer. As horas eram escolhidas por questão de segredo e para atender às pessoas trabalhadoras que não podiam comparecer aos cultos de adoração durante o dia.

- Ordem do Culto:
Geralmente o culto matutino era uma ocasião de louvor, oração e pregação. O serviço improvisado de adoração dos cristãos no Dia de Pentecoste sugere um padrão de adoração que podia ter sido geralmente adotado. Primeiro, Pedro leu as Escrituras. Depois pregou um sermão que aplicou as Escrituras à situação presente dos adoradores (At 2.14-36). As pessoas que aceitavam a Cristo eram batizadas, seguindo o exemplo do próprio Senhor.  Os adoradores participavam dos cânticos, dos testemunhos ou de palavras de exortação        (1Co 14.26).
- A Ceia do Senhor:
Os primitivos cristãos tomavam a refeição simbólica da Ceia do Senhor para  comemorar a Última Ceia, na qual Jesus e seus discípulos observaram a tradicional festa judaica da Páscoa. Os temas dos dois eventos eram os mesmo. Na Páscoa os judeus regozijavam-se porque Deus os havia libertado de seus inimigos e aguardavam com expectação o futuro como filhos de Deus. Na  Ceia do Senhor, os cristãos celebravam o modo como Jesus os havia libertado do pecado e expressavam sua esperança pelo dia quando Cristo voltaria   (1Co 11.26).  A princípio, a Ceia do Senhor era uma refeição completa que os cristãos partilhavam em suas casas. Cada convidado trazia um prato para a mesa comum. A refeição começava  com oração e com o comer de pedacinhos de um único pão que representava o corpo partido de Cristo. Encerrava-se a refeição com outra oração e a seguir participavam de uma taça de vinho, que representava o sangue vertido de Cristo.
Algumas pessoas conjeturavam que os cristãos estavam participando de um rito secreto quando observavam a Ceia do Senhor, e inventaram estranhas histórias a respeito desses cultos. O imperador Trajano proscreveu essas reuniões secretas por volta do ano 100 dC. Nesse tempo os cristãos começaram a observar a Ceia do Senhor durante o culto matutino de adoração, aberto ao público.
- Batismo:
O batismo era um acontecimento comum da adoração cristã no templo de Paulo  (Ef 4.5). Contudo, os cristãos não foram os primeiros a celebrar o batismo. Os judeus batizavam seus convertidos gentios; algumas seitas judaicas praticavam o batismo como símbolo de purificação, e João Batista fez dele uma importante parte de seu ministério. O NT não diz se Jesus batizava regularmente seus convertidos, mas numa ocasião, pelo menos, antes da prisão de João, ele foi encontrado batizando. Em todo o caso, os primitivos cristãos eram batizados em nome de Jesus, seguindo o seu próprio exemplo (Mc 1.10; Gl 3.27).
Parece que os primitivos cristãos interpretavam o significado do batismo de vários modos - como símbolo da morte de uma pessoa para o pecado (Rm 6.4; Gl 2.12), da purificação  de pecados (At 22.16; Ef 5.26), e da nova vida em Cristo (At 2.41; Rm 6.3). De quando em quando toda a família de um novo convertido era batizada (At 10.48; 16.33; 1Co 1.16), o que pode significar o desejo da pessoa de consagrar a Cristo tudo quanto tinha.
- Calendário Eclesiástico:
O NT não apresenta evidência alguma de que a igreja primitiva observava quaisquer dias santos, a não ser sua adoração no primeiro dia da semana (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10). Os cristãos não observam o domingo como dia de descanso até ao quarto século de nossa era, quando o imperador Constantino designou-o como um dia santo para todo o Império Romano. Os primitivos cristãos não confundiam o domingo com o sábado judaico, e não faziam tentativa alguma para aplicar a ele a legislação referente ao sábado.
O historiador Eusébio diz-nos que os cristãos celebravam a Páscoa desde os tempos apostólicos; 1Co 5.6-8 talvez se refira a uma Páscoa cristã na mesma ocasião da Páscoa judaica. Por volta do ano 120 dC, a igreja de Roma mudou a celebração para o domingo após a Páscoa judaica enquanto a igreja Ortodoxa Oriental continuou a celebrá-la na Páscoa Judaica.


f) Conceito do NT sobre a Igreja.
É interessante pesquisar vários conceitos de igreja no NT. A Bíblia refere-se aos primeiros cristãos como família e templo de Deus, como rebanho e noiva de Cristo, como sal, como fermento, como pescadores, como baluarte sustentador da verdade de Deus, de muitas outras maneiras. Pensava-se na igreja como uma comunidade mundial única de crentes, da qual cada congregação local era afloramento e amostra. Os primitivos escritores cristãos muitas vezes se referiam à igreja como o "corpo de Cristo" e o "novo Israel".  Esses dois conceitos revelam muito da compreensão que os primitivos cristãos tinha da sua missão no mundo.
- O Corpo de Cristo:
Paulo descreve a igreja como "um só corpo em Cristo" (Rm 12.5) e "seu corpo" (Ef 1.23). Em outras palavras, a igreja encerra numa comunhão única de vida divina todos os que são unidos a Cristo pelo Espírito Santo mediante a fé. Esses participam da ressurreição  (Rm 6.8), e são a um tempo chamados e capacitados  para continuar seu ministério de servir e sofrer para abençoar a outros (1Co 12.14-26). Estão ligados numa comunidade que personifica o reino de Deus no mundo.
Pelo fato de estarem ligados a outros cristãos, essas pessoas entendiam que o que faziam com seus próprios corpos e capacidades era muito importante (Rm 12.1; 1Co 6.13-19; 2Co 5.10). Entendiam que as várias raças e classes tornam-se uma em Cristo (1Co 12.3; Ef  2.14-22), e deviam aceitar-se e amar-se uns aos outros de um modo que revelasse tal realidade.
Descrevendo a igreja com o corpo de Cristo, os primeiros cristãos acentuaram que Cristo era o cabeça da igreja (Ef 5.23). Ele orientava as ações da igreja e merecia todo o louvor que ela recebia. Todo o poder da igreja para adorar e servir era dom de Cristo.
- O Novo Israel: Os primitivos cristãos identificavam-se com Israel, povo escolhido de Deus. Acreditavam que a vinda e o ministério  de Jesus cumpriram a promessa de Deus aos patriarcas (Mt 2.6; Lc 1.68; At 5.31), e sustentavam que Deus havia estabelecido uma Nova Aliança com os seguidores de Jesus (2Co 3.6; Hb 7.22, 9.15).
Deus, sustentavam eles, havia estabelecido seu novo Israel na base da salvação pessoal, e não  em linhagem de família. Sua igreja era uma nação espiritual que transcendia a todas as heranças culturais e nacionais. Quem quer que depositasse fé na Nova Aliança de Deus, rendesse a vida a Cristo, tornava-se descendente espiritual de Abraão e, como tal, passava a fazer parte do "novo Israel" (Mt 8.11; Lc 13.28-30; Rm 4.9-25; Gl 3-4; Hb 11-12).
-Características Comuns: Algumas qualidades comuns emergem das muitas imagens da igreja que encontramos no NT. Todas elas mostram que a igreja existe porque Deus trouxe à existência. Cristo comissionou seus seguidores a levar avante a sua obra, e essa é a razão da existência da igreja.
As várias imagens que o NT apresenta da igreja acentuam que o Espírito Santo a dota de poder e determina a sua direção. Os membros da igreja participam de uma tarefa comum e de um destino comum sob a orientação do Espírito.
A igreja é uma entidade viva e ativa. Ela participa dos negócios deste mundo; demonstra o modo de vida que Deus tenciona para todas as pessoas, e proclamam a Palavra de Deus para a era presente. A unidade e a pureza espirituais da igreja estão em nítido contraste com a inimizade e a corrupção do mundo. É responsabilidade da igreja em todas as congregações particulares mediante as quais ela se torna visível, praticar a unidade, o amor e  cuidado de um modo que mostre que Cristo vive verdadeiramente naqueles que são membros do seu corpo, de sorte que a vida deles é a vida de Cristo neles.

igreja_primitiva-e1300636612401

 
Fonte: O Mundo do Novo Testamento - Editora Vida

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Davi o Rei de Israel - parte 1

 

David ou Davi (em hebraico: דוד, literalmente "querido", "amado"; no hebraico modernoDávid, no hebraico tiberiano Dāwiḏ; em árabe: داود) Davi foi o maior rei de Israel, um grande e importante homem tendo muitas glórias e dons na sua vida, como o dom da música, da poesia e dos salmos, que o levou a fazer o maior livro bíblico, o Livro de Salmos.

O célebre arqueólogo americano Edwin Thiele estabeleceu sua data de nascimento por volta de 1040 a.C., e sua morte em 970 a.C., tendo reinado sobre Judá de 1010 a 1003 a.C., e sobre o reino unificado de Israel de 1003 a 970 a.C.[1] Os livros bíblicos de Samuel,I Reis e I Crônicas são a única fonte de informação disponível sobre sua vida e seu reinado, embora a estela de Tel Dan registre a existência, em meados do século IX a.C., de uma dinastia real judaica chamada de "Casa de David".

Pedra de basalto com a expressão 'Casa de Davi'

A vida de David é particularmente importante para a cultura judaica, cristã e islâmica. No judaísmo David, ou Melekh David ("Rei Davi"), é o Rei de Israel e do povo judaico; um descendente direto seu será o Mashiach, o Messias judaico. No cristianismo David é mencionado como um ancestral do pai adotivo de Jesus, José, e no islamismo é conhecido como Daud, um profeta e rei de uma nação. Filho de Jessé, da tribo de Judá, teria nascido na cidade de Belém e se destacado na luta dos israelitas contra os filisteus. Tornou-se rei, sucedendo a Saul e conquistou Jerusalém, que transformou em capital doReino Unido de Israel.

Seu nome é citado 1.139 vezes na Bíblia.

davi

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

DAVI, O MAIOR REI DE ISRAEL

O nome Davi significa amado. Segundo rei do reino unido de Israel, Davi quando jovem viveu em Belém, era o mais novo dos oito filhos de Jessé. Por ser mais novo Davi guardava os rebanhos de seu pai. Nessa função demonstrou coragem, matando um leão e um urso que haviam atacado as ovelhas.

Ele foi uma das figuras mais proeminentes da história do mundo e certamente também entre os personagens da Bíblia. É o mais famoso antepassado de Jesus Cristo. Jesus não é chamado filho de Abraão, ou filho de Jacó, mas filho de Davi.

Sua vida foi uma mescla do bem e do mal. Esteve repleta de feitos nobres, altas aspirações, e grandes conquistas; no entanto esteve manchada por pecados graves.

Nenhum personagem da Bíblia ilustra mais plenamente a escala moral da natureza humana. É difícil conceber que o homem que escreveu o Salmo 23, poderia fazer o que Davi fez com Urias. Mas o espírito da época em que ele viveu deve ser considerado, e também as tentações relacionadas com um poder quase ilimitado.

Histórias Bíblicas 014

Nos primeiros dias de sua vida ele é mencionado como um homem conforme o coração de Deus, 1Sm 13:14. Isto era verdade, quando guardava os mandamentos divinos. Pode ser dito a seu favor que nunca se converteu em um idólatra, e que foi leal ao Senhor em seu testemunho e em sua adoração.

Davi reinou em Israel 40 anos,  7 em Hebrom e 33 em Jerausalém. Durante seu reinado Israel experimentou vários exitos políticos e militares. Na política exterior Davi acabou com o poder dos filisteus (2 Sm 5), realizou várias conquistas na Transjordânia (2 Sm 8), anexou a Israel cidades dos cananeus ainda independentes que se tornaram províncias no império de Salomão (1 Rs 4). Assim Israel se transformou em Estado territorial.

O fato de que a maior parte de sua vida foi espiritual, apesar de nem sempre consistente, juntamente com sua genialidade, explica o lugar tão elevado que ocupa na Escritura.

Fonte www.santovivo.net

davi-e-golias

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Adultério ,Fornicação e o Casamento ?

 

Qual é a diferença entre adultério e fornicação?

(Mateus 5.27)-“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.”

As relações sexuais entre uma pessoa casada e alguém, que não seja seu cônjuge, são chamadas de adultério.

Nos dez mandamentos contêm a proibição do adultério: “Não adulterarás” (Êxodo 20.14).

traicao_fidelidade 00

A razão é simples: o casamento é o fundamento da sociedade, e com ele vem a responsabilidade de criar filhos. O sexo fora do casamento não somente ameaça a união, como também destrói o sentimento paternal ou maternal para com os filhos e o cônjuge acabando com a linha de relacionamento familiar.

A fornicação é o sexo entre duas pessoas solteiras. O apóstolo Paulo disse que esse é um pecado contra o corpo. Ele ordena aos cristãos que fujam da fornicação, pois isso é um pecado contra o próprio ser e contra Deus, pois o corpo do crente é o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6.18-19)-“Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”

Paulo diz que se um crente une seu corpo a outra pessoa antes do casamento, ele estará unindo Jesus Cristo àquela pessoa

(1 Coríntios 6.15-16)-“Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne.”

casamento 0

É muito importante entender que nem os fornicadores, nem os adúlteros, entrarão no Reino de Deus (1 Coríntios 6.9-10)-“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.”

(Apocalipse 21. 8)-“ Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.”

aqueles-dois 00

No mundo atual, o termo fornicação é raramente usado e a imoralidade entre as pessoas solteiras é comumente aceita como um estilo de vida. Mas a imoralidade, mesmo que tão comum, é um pecado que manterá milhões de pessoas fora do céu, a menos que elas se arrependam e não cometam mais o pecado. Muitos dizem que desejam “aproveitar” a vida porque ela é curta, porém a eternidade é para sempre... será que vale a pena?

Lembrem-se do que o mestre Jesus disse em (Mateus 5.18)- “ Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.”

O padrão bíblico é que o ato sexual seja para o relacionamento no casamento, exclusivamente entre um homem e uma mulher, enquanto os dois viverem (Gn 2.24; Mc 10.6-12). O que passar disto é adultério (Êx 20.14; Lv 20.10) e imoralidade sexual – prostituição ou fornicação – (1Co 6.12-20). Esta não é uma ideia apenas da “lei”, mas do Novo Testamento também. Vemos isso, por exemplo, no relacionamento de José e Maria. Maria tinha muito claro em sua consciência que sexo era apenas para o casamento. Não era para uma mulher “virgem” – ou seja, não era para namorados ou noivos (Lc 1.34). José, por sua vez, quando soube da gravidez de Maria, pensou até em romper com o noivado, pois ele tinha certeza de que o filho não era dele (Mt 1.18-21). De onde vinha a sua certeza? Simples! Os dois ainda não haviam se conhecido sexualmente. Obedecendo a Deus, os dois aguardavam pelo casamento.

one_love_photo_casamento-na-praia 00

Mas, em nossa época, a discussão vai longe, mesmo para alguns cristãos. As pessoas questionam: “Por que o sexo deve ser posto em quarentena à espera do casamento? Por que duas pessoas maduras, que se desejam, sabem o que quer, conseguem se manter financeiramente, vivem um grau de compromisso avançado em sua relação, pensando até em se casar, não podem desfrutar livremente de algo que obviamente é bom e aprazível?” Porém, à luz da Bíblia, nenhum desses argumentos legitima níveis crescentes de intimidade sexual para antes do casamento.

É precisamente aí que se torna importante uma teologia do sexo. E esta requer muito mais do que uma lista de coisas proibidas e permitidas. Sexo, biblicamente falando, não é uma recompensa que se consegue por se ter encontrado alguém ou se ter casado, e a intimidade sexual não está ligada a uma escala variada de compromisso. Ao contrário, o sexo tem um significado e propósito teológico dados por Deus que transcende as experiências e as opiniões gerais das pessoas.

divc3b3rcio 00

O casamento é uma aliança que estabelece um relacionamento entre um homem e uma mulher (Pv 2.17; Ml 2.14). Se o casamento é uma aliança, então essa aliança deve ter um sinal, algo que torne visível a realidade invisível de união em uma só carne (Ml 2.15). Logo, o homem se relaciona com essa única mulher como sua esposa, unindo-se a ela numa relação de uma só carne, amor mútuo, lealdade e intimidade. O sinal dessa aliança é o ato físico de se tornar uma só carne no ato sexual (Gn 2.21-25). O sexo, portanto, é o próprio símbolo do casamento, assim como o batismo é o símbolo do novo nascimento.Quando no casamento marido e mulher se relacionam sexualmente eles estão chamando a Deus como testemunha de seu compromisso e aliança. Por isso que no casamento o sexo não é apenas para a procriação (Gn 1.27-28), mas para o prazer do casal (Pv 5.18-19; 1Co 7.1-6), que juntos refletem o amor prazeroso de Cristo pela sua Igreja (Ef 5.22-33). Também não é por nada que encontramos na Bíblia um livro inteirinho dedicado à celebração do amor e do prazer entre marido e mulher (Cântico dos Cânticos). Deus é glorificado quando desfrutamos os dons que ele nos deu, como ele pretendeu.

familia

O padrão bíblico é que o sexo expresso dentro do casamento entre o marido e sua mulher é santo, saudável, prazeroso e bom. Expresso em outro lugar e de outra forma ele fica aquém da intenção de Deus, violando o seu mandamento e a sua aliança, da qual ele mesmo é testemunha.

segunda-feira, 23 de julho de 2012


Estado Laico,o que é ?



Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Um Estado secular ou estado laico é um conceito do secularismo onde o Estado é oficialmente neutro em relação às questões religiosas, não apoiando nem se opondo a nenhuma religião. Um estado secular trata todos seus cidadãos igualmente, independente de sua escolha religiosa, e não deve dar preferência a indivíduos de certa religião. Estado teocrático ou teocracia é o contrário de um estado secular, ou seja, é um estado onde há uma única religião oficial (como é o caso do Vaticano e do Irã).

O Estado secular deve garantir e proteger a liberdade religiosa e filosófica de cada cidadão, evitando que alguma religião exerça controle ou interfira em questões políticas. Difere-se do estado ateu - como era a extinta URSS - porque no último o estado se opõe a qualquer prática de natureza religiosa. Entretanto, apesar de não ser umEstado ateu, o Estado Laico deve respeitar também o direito à descrença religiosa.


  Estados laicos
  Estados não-laicos
  Ambíguo ou sem dados


Nem todos os Estados legalmente seculares são completamente seculares na prática, No Brasil, por exemplo, alguns feriados católicos - o mais notável sendo o de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do país - são oficiais para os funcionários públicos.

Alguns países, como é o caso do Reino Unido, são considerados seculares quando na verdade o termo não pode ser aplicado completamente de fato. No caso do Reino Unido, quando uma pessoa assume o cargo de chefe de estado, é necessário que jure fidelidade à fé anglicana. O cargo de chefe de estado e da igreja oficial pertencem à mesma pessoa - a Rainha Elizabeth II. O estado também garante que vinte e seis membros do clero da Igreja da Inglaterra sejam membros da câmara alta do parlamento. Por estes e outros motivos o Reino Unido não pode ser considerado um estado secular.



Vale ressaltar que um Estado Secular não implica a eliminação da religião; o Estado Laico deve garantir a liberdade religiosa, respeitando os traços religiosos culturais e da tradição do povo. A fé e a descrença são direitos naturais inalienáveis ao ser humano e não se relaciona com a noção de Estado. Estado Laico não pode, em nenhuma hipótese, nortear suas decisões, em qualquer dostrês poderes, por alguma doutrina religiosa, seja qual for; tais decisões são norteadas sempre pela lei, nunca por posições religiosas.

Em 11 de Abril de 2012, o Ministro do STF Marco Aurélio Mello reiterou em sessão do STF: "Os dogmas de fé não podem determinar o conteúdo dos atos estatais”, em uma referência à campanha de religiosos pela manutenção da criminalização do aborto de fetos anencéfalos. [1] Afirmou ainda que as concepções morais religiosas — unânimes, majoritárias ou minoritárias — não podem guiar as decisões de Estado, devendo, portanto, se limitar às esferas privadas.[2]
Brasi


O Brasil foi uma colônia do Império Português de 1500 até a independência do controle de Portugal em 1822, período em que ocatolicismo romano era a religião oficial do Estado. Com a ascensão do Império do Brasil, embora o catolicismo mantivesse seustatus de credo oficial subsidiado pelo Estado, às outras religiões foi permitido florescer, visto que a Constituição 1824 garantia o princípio de liberdade religiosa. A queda do Império em 1889, deu lugar a um regime republicano e uma nova Constituição foi promulgada em 1891, ronpendo os laços entre a Igreja e o Estado; ideólogos republicanos, como Benjamin Constant e Rui Barbosa, foram influenciados pela laicidade na França e nos Estados Unidos. A separação entre Igreja e Estado promulgada pelaConstituição de 1891 tem sido mantida desde então. A atual Constituição do Brasil, em vigor desde 1988, assegura o direito à liberdade religiosa individual de seus cidadãos, mas proíbe o estabelecimento de igrejas estatais e de qualquer relação de "dependência ou aliança" de autoridades com os líderes religiosos, com exceção de "colaboração de interesse público, definida por lei."
 
O ESTADO BRASILEIRO É LAICO?
É difícil responder à pergunta em termos de "sim" ou "não". A laicidade não existia no tempo do Império, já foi maior no início do período republicano, pelo menos na educação pública, e é hoje maior do que naquela época na legislação sobre a família. É como a democracia. O Estado brasileiro é hoje mais democrático do que foi em qualquer momento do passado, mas há muito, muito mesmo a fazer para ampliar a democracia. Já houve recuos, mas os avanços prevalecem.

Em suma: o Estado brasileiro não é totalmente laico, mas passa por um processo de laicização.

Na sua formação, o Estado brasileiro nada tinha de laico. A Constituição do Império (1824) foi promulgada por Pedro I "em nome da Santíssima Trindade". O catolicismo era religião oficial e dominante. As outras religiões, quando toleradas, eram proibidas de promoverem cultos públicos, apenas reuniões em lugares fechados, sem a forma exterior de templo. As práticas religiosas de origem africana eram proibidas, consideradas nada mais do que um caso de polícia, como até há pouco tempo. O clero católico recebia salários do governo, como se fosse formado de funcionários públicos. O Código Penal proibia a divulgação de doutrinas contrárias às "verdades fundamentais da existência de Deus e da imortalidade da alma".



A situação de hoje é bem diferente daquela, mas ainda está longe de caracterizar um Estado laico. As sociedades religiosas não pagam impostos (renda, IPTU, ISS, etc) e recebem subsídios financeiros para suas instituições de ensino e assistência social. O ensino religioso faz parte do currículo das escolas públicas, que privilegia o Cristianismo e discrimina outras religiões, assim como discrimina todos os não crentes. Em alguns estados, os professores de ensino religioso são funcionários públicos e recebem salários, configurando apoio financeiro do Estado a sociedades religiosas, que, aliás, são as credenciadoras do magistério dessa disciplina. Certas sociedades religiosas exercem pressão sobre o Congresso Nacional, dificultando a promulgação de leis no que respeita à pesquisa científica, aos direitos sexuais e reprodutivos. A chantagem religiosa não é incomum nessa área, como a ameaça de excomunhão. Há símbolos religiosos nas repartições públicas, inclusive nos tribunais.
A expressão Estado laico não consta da constituição de 1988, mas parte de seu conteúdo pode ser encontrado nela: entre as interdições à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, está a de

"Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-las, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público."

Assim formulado, o texto constitucional permite associações entre o Estado e instituições religiosas que, se não interdita consciência e crença, privilegia uns credos em detrimento de outros, e, mais ainda, privilegia os crentes diante dos não crentes em matéria religiosa. 

Afonso Key

Obrigado pela sua leitura

Estamos iniciando um Blog com informação ,curiosidades e polemicas ..nos ajude com comentários,pois sua participação é muito importante ( Boa leitura )
Powered By Blogger

Afonso Key

Afonso Key
Majestic Keyboards

Já tiveram a oportunidade de ver algum objeto caindo na terra.